domingo, 16 de janeiro de 2011

Nepal - à caminnho do himalayas

olha que tristeza...esse post foi escrito em novembro aff....mas a falta de tempo foi tanta que só agora numa noite tranquila em kuala Lumpur que consegui publicar....último dia do meu michilão. Amanhã de volta a minha Incredible India

24 de Novembro – AC se aposentou de vez, ventilador e edredon de volta

Chegou a hora de conhecer outro país. Lá fui eu arrumar minhas malas dessa vez rumo ao Nepal. Saímos eu, Luis e Marek de Delhi pela manhã e encontraríamos O Ricardo (trainee da TCS em Mumbai) em Kathmandu.
Eu que já não tava com a saúde lá essas coisas vi que a cólica que eu tava sentindo não ia passar tão fácil. Dai lá se vou eu tentar explicar pro farmacêutico em mímica que eu precisava de um analgésico tipo dose cavalar. O remédio não fez nem cosquinha e eu já tava ficando de mal humor.
O vôo se atrasou porque Kathmandu estava sem teto. Aquilo só foi aumento a curiosidade pra ver as montanhas. Assim que decolamos e nos aproximamos a beleza natural do país se mostrava na janela do avião. Impressionante.
Leve confusão na imigração e outra confusão com taxis e hotéis. Tudo ajeitado partimos pra ver a cidade. Fomos tomar café numa padaria alemã. Nossa me joguei no pão. Nunca pensei que pão francês fizesse tanta falta. Eu virei freguesa da padaria e ia lá todos os dias que passeei em Kathmandu.
A cidade, mesmo sendo a capital do país, parece uma vila no interior do interior de Minas. Fomos em duas praças durante o dia. As construções são lindas, super simples e bem antigas. A tentativa de modernidade se junta com a arquitetura de séculos atrás. Assim como na Índia, muitas vacas e cachorros na rua. Na verdade, no geral, o Nepal tem alguma semelhança com a Índia, mas existe algo diferente no ar. As coisas parecem ser mais calmas, os nepaleses com seus lindos olhinhos puxadinhos, tem uma carinha de inocência e tranqüilidade. Por todo canto que vamos estamos ao som de Om Mani Padme Hum, uma oração budista que assim como todos os mantras é cantada e repetida over and over again. Toda lojinha de CD toca e a gente se pega cantando da música o tempo todo. Depois de ver alguns lugares e tentar planejar um roteiro mais concreto resolvi trocar minha passagem de volta e ficar mais 2 dias no Nepal. Tava tudo uma bagunça na empresa, eu tava meio em troca de supervisor, entonces resolvi fingir de boba. Ooops.
Ao final do dia eu já estava em ponto de enlouquecer de dor. Já faziam 24 horas que a dor estava forte e constante. Estamos na praça principal da cidade (Durba Square) e percebemos que, pelo menos aquela parte da cidade não tem iluminação pública (de novo: capitalll do país hehe). No meio daquela escuridão as velas nas oferendas faziam força pra trazer a luz. Mas eu me rendi, voltei para a guesthouse pra tentar dormir e deixar áquela dor pra trás.
No outro dia eu estava melhor, pronta pra turistar. Daí sim voltamos à Burba Square e vimos a beleza do lugar. Tiramos mil fotos dos prédios antigos, fizemos comprinhas, paradinha pra tomar uma cervejinha, que até eu tomei, recomendo: cerveja Everest. A tarde seguimos pra interminável escadaria para uma das estupas (monumento budista) da cidade. Lá deu pra ver um pouquinho da vida de um monge. Chegamos lá na hora do almoço. Alguns monges sentados sendo servidos por duas crianças, que devem estar lá para serem monges também. A cada troca de prato uma reza cantada sempre a voz bem grave como em todas as orações budistas. Dois monges tocavam um instrumento que parecia um tubo gigante.
Descemos da estupa, que tem uma vista incrível da cidade, e fomos jantar e experimentar a vida noturna de Kathmandu, que é bem diferente da de Delhi. Muitos bares para tomar cerveja e música ao vivo. Foi até difícil escolher. Pro jantar o que a gente ia passar a comer todos os dias por lá: bifeeeee. Eu não sinto tanta falta de carne de vaca, mas sempre que tenho uma chance eu como. Estou curiosa pra saber como vai ser minha reação na volta ao Brasil. Estava vivendo bem com franguinho às vezes o paneer (queijo) e até passei mal quando me aventurei na carne vermelha. Confesso que agora quando como sinto que tô comendo um defunto, mas ainda gosto e não vou parar de comer. Reduzirei o consumo com certeza.
Pela manhã do dia seguinte fomos para Pokara (que eu insistia de chamar de pakora, um tipo de fritura indiana). Esta é uma cidadezinha que à 5 horas de Kathmandu. Por lá a gente iria se aventurar num trekking. Rodamos a cidade, voltinha de barco pra mais uma estupa com escadaria interminável, muita barganha com o trekking e cama.
Novamente cedinho (vida de viajante não é fácil), começamos a caminhada rumo ao topo de Pachasse, montanha com 2.500 metros. Como só tínhamos 2 dias essa foi a maior escalada que deu pra fazer. Eu bem queria ter ido pro campo base do Everest, mas fica super fora de mão, demora no mínimo 16 dias e convenhamos eu ia precisar treinar mais um pouquinho pra isso.
Caminhada pesada, subida exigente, visual maravilhoso, guia que dava vontade de apertar a bochecha. Ele mal falava inglês e falava que nem criança. Era super atencioso, mas subia rápido demais. Tá achando que sou atleta querido? Calma ai né?
Passamos por algumas vilas e descobri o verdadeiro sentido da expressão “no meio de lugar nenhum”. A gente tava ali reclamando do peso da mochila e da subida brusca e os nativos passando ao nosso lado, praticamente correndo montanha acima, levando no mínimo um 20 kg de arroz nas costas. Os mais velhos tem as costas deformadas por passarem a vida toda carregando aquele peso. Absolutamente nada em volta. Eles colhem o arroz e secam e uma pessoa é responsável por levar pra cidade e vender.
Seis horas de subida, uma caminha com outras 4 pessoas, mas uma verdadeira viagem dentro de mim mesma. Como ninguém tinha preparo físico suficiente pra subir na velocidade necessária e conversar, seguimos calados e pensativos. Aquele visual era simplesmente inspirador. Aquelas vilas, aquelas pessoas, o estilo de vida delas….não tinha como não pensar no ritmo acelerado em que a gente vive. Além disso, acho que esforço físico intenso também sempre me faz pensar no meu corpo, na minha força física e psicológica, na minha motivação, dai viajo na batatinha e começo a pensar na forma em que levo a vida. Tudo isso acompanhado de uma sensação de que meu pulmão tava queimando. Nota mental: fazer a bendita cirurgia de desvio de septo antes de inventar uma outra loucurinha dessas.
Ao final do dia chegamos ao topo. O calor que eu tava sentindo e me fazendo suar deu lugar instantâneo ao frio. Lá estava eu no meio dos Himalayas. Rodeada por tantas montanhas gigantes deu pra ver como eu sou pequena no meio desse mundão. Aff como nossos problemas são minúsculos. Prezando muito respeito à natureza deixamos o topo de Pachasse e fomos pro hotel, ou pouso, que tem no meio da montanha especialmente para os escaladores. Mesmo com aquele frio tudo que eu queria era uma banho. Daí o banho é assim: você sobe um montinho e entra numa casinha e toma banho de balde. Ok, vamo que vamo. Por 100 rupias eles esquentam seu balde. To no quarto esperando e vem a nepalesa: madam run, water hot, go cold. Come, come. Ai sai eu correndo pro montinho (e Ricardo junto pra me ajudar e me vigiar no meio daquela escuridão). A nepalesa na frente com o balde de água. Entrei na casinha que não me cabia em pé. Daí me dei conta que lá tava eu agachada, nua no meio dos himalayas tomando banho com um balde de água esquentado na lenha, tava frio não...bobagem. Vesti todas as roupas da minha mala e fomos jantar. Depois no deitamos pra ver as estrelas. Nós ali, à 2.500 metros, rodeados de cidades que não tem iluminação pública, que não são poluídas, ou seja, o céu mais incrível que já vi na vida. Milhões de estrelas. Minutos depois eis que surgi a via láctea. Nossa, espero nunca esquecer aquele céu maravilhoso que encheu meus olhos de luz e espero que todos os meus desejos feitos pras dezenas de estelas cadentes que eu vi se realizem. Era tanta estrela cadente que já nem tinha nada pra pedir pra mim comecei a pedir pros outros. Amigos e família..queridos que sinto tanta falta.
No outro dia a descida. Nossa meu calcanhar doeu por dias. Nota mental: não faça trekking com tênis de corrida, na descida você corre certo risco de descer rolando. Depois de horas de descidas vi que ainda estávamos no meio. Aff. “Neeraj, can we jump from here?” “No jump, madam” “Can we role down? Like a ball?” “Ball? (olhar confuso) No ball no poxible!” Ai que vontade de apertar a bochecha. Tudo dos nepaleses é poxible ou no poxible hehehe. Bom já que não tinha jeito, vamo que vamo. Chegamos num ponto de ônibus e terminamos a descida motorizados. A estrada pela qual passamos é a mesma que os locais usam pra ir vender o arroz. Durante parte do ano essa estrada fica alagada, ou seja, eles ficam ilhados. Aaaaa.
No dia seguinte, voltei pra Kathmandu com o Ricardo e os outros seguiram o caminho da volta por terra que eles iriam fazer.
Na volta um bendito de um engarrafamento...demoramos horas pra chegar. Nem deu pra fazer mais nada nesse dia.
Último dia de Kathmandu, fomos pra uma cidadezinha ao lado. Fomos pra um ponto da cidade de onde saem as vans. Dai saímos perguntando: Patan? Patan? E ninguém entendia nada. Por fim algum bendito homem entendeu e nos enfiamos numa van com os monages. Na cidade outra Durba Square. Mais incrível ainda, porque era maior em bem mais conservada. Os locais secando arroz na porta de casa, tudo bem provinciano.
Pra fazer comprinhas eu desenvolvi uma nova técnica de barganha. Você tem que fazer o povo rir. Tocava música indiana lá saia eu dançando...e eles achando o máximo. Dai acrescenta a técnica de deixar as pessoas confusas e pronto...ótimas barganhas.
Na volta, mais confusão pra achar a van. Dessa vez fui sozinha porque Ricardo tinha mais tempo. Kathmandu? Kathmandu? Eu lá no meio daquelas ruas loucas, cheias de gente, carros, motos, vacas. Me enfiei em outra van e fui. Parada deliciosa na padaria alemã e rumo ao aeroporto. Era o fim da minha viagem ao incrível Nepal.
Como foi lindo ver aquelas paisagens, aquela grandiosidade, aquela simplicidade, aqueles olhinhos, aquela cerveja do Everst hehe, aquela fé, as vozes grossas entoando as orações. Muita paz.

Om Mani Padme Hum

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Umas semaninhas de folga - Capitulo 2 - Varanasi

14 de Outubro – still enjoying the blue sky

Depois de tantos momentos especiais vividos no IC (ganhar jantar com o Presidente da AIESEC Internacional depois de vencer competição de dança do ventre, incoporar os chifrinhos de diabinha, de conversar com gente do mundo inteiro, de pensar igual as pessoas ao meu lado, de tomar guaraná antartica, de planejar viagens com amigos, enfim, tantas coias), na manhã do dia seguinte partimos para Varanasi, cidade sagrada para os hindus e onde passa aquela parte limpa e cheirosa do Ganges que a gente vê na TV. No aeroporto li no Lonely Planet (bíblia) que Varanasi é um bom lugar pra morrer. Olha meu querido não tô muito com esses planos não sabe? Antes de entrar no vôo comento com a Babi que não gosto muito daquela Cia porque só dá um povo meio estranho, mas tudo bem vamo que vamo. E realmente tinha um povo estranho no vôo, muita gente doente. Ai a Marina diz: Eles devem estar indo pra Varanasi pra morrer. Dai eu digo: Menina é mesmo, achei que era porque estamos voando de spiceJet.
Saímos do aeroporto e já foi aquele custo pra pegar o taxi. Nenhum carro passa onde precisávamos ir. Nem rickshaw nem bicicleta. Aff eu tava de mochila, mas as meninas estavam com malas um tanto quanto grandinhas. Então lá fomos nós com o taxi até onde ele podia nos deixar. Depois disso embrenhamos na cidade velha. Dessa vez as palavras que descrevem são: “Minha nossa senhora da bicicletinha, dai-me equilíbrio!” A cidade é completamente suja, de ruas estreitas, vacas e bosta de vaca pra tudo quanto é lado, muita gente andando, moto, bicicleta, defuntos passando, um inferno. Eu só pensando: aff a Babi vai me matar. Eu já estava acostumada com esse tipo de coisa, ela não. Porém, eu tentava lembrá-la sempre do primeiro válido ensinamento sobre a Índia: enxergue além do que você está vendo! Então nos abrimos para uma experiência fantástica.



Varanasi é marcada, principalmente, por sua importância como lugar religioso vinculado a morte. Para os hindus o fogo é considerado agente purificador, então os corpos (não todos) deveriam ser cremados para se purificar, tanto no sentido físico (higiene) quanto no sentido espiritual. Após a cremação, que dura 3 horas, parte dos restos mortais (peitoral para os homens e quadris para as mulheres) é jogada no Rio Ganges. Os corpos de crianças, deficientes físicos, mulheres e homens santos não são cremados, pois já são considerados puros. Assim o corpo é jogado inteiro no rio amarrados em pedras, que infelizmente as vezes se soltam dai o corpo emerge no rio. Em Varanasi existem dois grandes crematórios.
Como chegamos na guesthouse no final da tarde resolvemos tomar banho e jantar no terraço que tinha uma vista linda para o Ganges e para um dos crematórios. Da cozinha vinha um cheiro bom de carne. A gente com fome…hum cheiro bom. Dai eu pensei, ok a gente tá na Índia, como tá cheirando carne? Ai eu olhei pro fumacé saindo do crematório….kkkkk será o benedito? Kkkkk. Será que o cheiro está vindo de lá????? Aiiiiiiiiii socorroooooo. Depois de muito analisar eu bem cheguei a conclusão que o cheiro vinha era da cozinha mesmo, porém a Babi deve estar sem comer carne até hoje. Depois desse susto começo a reparar melhor o restaurante, dai vejo umas 3 lagartixas na cortina atrás de mim. Mudo de lugar e olho pra cima. A armação do teto tava coberta de lagartixas. Aiiiiiiiii meu Deussssssssssss. Olha eu agüento tudo, mas cobertura de lagartixa não. Eu dei um escadalosinho de leve, sorry. Todo mundo do restaurante estava olhando pra mim. Comi rápido, assuntei sobre o que fazer na cidade com os mochileiros e sai correndo de lá. Cama.
No outro dia eu começo a dar sinais de que o rio tava me chamando. Acordei passando mal e com muita dor no corpo. Fingi que não era comigo e fui ver a cidade. Café da manha deitada no sofá tomando suco de laranja. DERROTA. Pré desmaiada a caminho do rio com direito a parada numa loja de saree pra sentar e tentar levantar a pressão. Tô nem ai…vou conhecer o rio e depois volto pra guesthouse. Chegamos e fui negociar um barco pras meninas. Dai a transformação se consolidou, eu, com meus nove meses de Índia, já tava de saco cheio de negociações de preço, estava passando mal, tava fazendo muito calor, muitos estímulos por todos os lados, então eu explodi. Negociava gritando com o Bhaya (ou baiano segundo a Babi hehehe), quer dinheiro ou não!!!! Eu pago tanto, quer? Yes or no? Então sai da minha frente. As meninas meio impressionadas (mas elas conhecem um lado menos mal de mim então tudo bem), mas acho que assustei dois aiesecos russos que se juntaram a nós. Às vezes tenho medo de voltar bruta e mal educada pro Brasil, mas aqui na maioria das vezes essa é a única forma de não ser passada pra trás. O que interessa é que conseguimos o barco e eu acabei decidindo também me juntar ao passeio. Ficamos quase 2 horas rodando o Ganges. Ai passa um barquinho cheio de indianos e um deles enchendo uma garrafa…ai meu Deus por favor não bebe isso. Kkkk. Alguns infelizmente bebem. Por fim resolvi me deitar (não me agüentava mais sentado) e acabei cochilando. Dai a pouco descemos num dos crematórios e ficamos observando os funerais. O corpo chega em uma maca coberta de tecidos vermelhos e dourados, carregado por parentes, todos homens (as mulheres não participam, pois não conseguem controlar as emoções e segundo os hindus choro e histeria perturba o processo pelo qual o morto passa). Ao chegar o corpo é coberto por toras de madeira (o tipo de madeira depende de quanto a família pode pagar). Depois de 3 horas queimando, alguém da família segurando duas pequenas toras de bambu retira os restos mortais das cinzas e joga no rio. Dentro do rio alguns cachorros esperando o corpo ser arremessado. Meio nojento e assustador devo dizer. Mas com certeza foi incrível observar aquilo tudo, mesmo com todo mal estar que estar que eu estava sentido.



Vimos também o fogo de Shiva que está acesso á séculos.
Saímos andando pelas becos da cidade, que de acordo com minha, digamos, interessante visão, se parece com Veneza. Mas vai lá, pensa bem, Veneza no século 17 com mais vacas devia ser daquele jeito mesmo, cheia de becos e canais e sujaaaaa. Fizemos comprinhas, entramos num templo, observamos corpos passando e mais esquisitices de Varanasi, inclusive “mutantes”, coisas que só vendo pra saber, nem me arrisco a descrever. Por fim voltamos à guesthouse. Sobrevivi àquele dia e estava muito feliz de ter persistido em sair.
Mas tarde, ás 7 da noite fomos assitir o Puja, cerimônia que acontece todos os dias na beira do rio de manhã e a noite em homenagem à Ganges. Os brahmins, membros da casta sacerdotal, celebram a cerimônia cantando e fazendo movimento como objetos, alguns com chamas, já que o fogo é considerado sagrado e purificador.



Durante o puja fiz uma oferenda à Ganges pensando no meu irmão que se casaria no outro dia. Estava mandando boas vibrações praquele momento tão feliz na vida dele. Essa oferenda se parece com as oferendas pra Iemanjá. O difícil é tentar colocar o barquinho no rio sem enconstar na água. Argh!



Varanasi foi com certeza o pior lugar que já visitei, mas também um dos mais incríveis. Não sei bem dizer de onde vem o encantamento. Se há algo no ar, algo de sagrado que nos afeta mesmo não compartilhando da religião, se nos rendemos à curiosidade e ao absurdo, que na verdade é absurdo somente pra gente mesmo (tudo bem, vários indianos me perguntaram que diabos eu fui fazer lá, então acho que é absurdo pra eles também). Já tinha ouvido várias coisas sobre Varanasi, mas nada é suficiente para descrever. Verdadeiramente, ou você ama ou você odeia. A abertura deve ser enorme. A vontade de ver além exige muito esforço. Esforço totalmente válido e que deve ser praticado constantemente aqui.

A PLACE THAT HAS TO BE BELIEVED TO BE SEEN.

No outro dia, longo trem para Delhi e um pequeno incidente. Três mocinhas estrangeiras viajando sozinhas de trem durante o dia só podia dar merda. Estávamos viajando de classe sleeper. Daí eu subi pra cama mais alta pra ler um livro. Então a Babi me chama: Let´s olha isso! O trem estava parado e uns 20 homens do lado de fora olhando as duas. Dentro do vagão mais uns 20 sentados uns em cima dos outros olhando a gente porque as camas a nossa volta estavam vazias. Então sai pedindo ticket pra todos. Muitas vezes eles entram no trem sem ticket e sentam onde está vazio. Todos claro começaram a rir: Olha a firange falando com a gente em inglês hehehe. Ah é? Me aguarde. Lá sai eu atrás do controlador pra resolver a situação. Com muito custo ele chega no nosso vagão. Era neguinho voando pra tudo quanto é lado. O cara saiu xingando todo mundo e tirou de lá até quem tinha passagem. Passa um pouco e chega um policial: Problem madam? No problem. Me friend. Stay here. Kkkkk Dai sentaram 2 policiais com a gente com umas armas gigantes da época da invasão britânica eu acredito e ficaram lá um pouco para espantar os atrevidos. Dai uma família sentou com a gente e seguimos viagem mais tranqüilas.



Chegamos em Delhi e minha casa estava de cabeça pra baixo. Mil hóspedes, cozinha suja, internet sem funcionar. Eita é assim eu saio de casa por 2 semanas e ela quase vira de cabeça pra baixo. Tentei manter a calma, pois tinha visitas hehe.
No outro dia encontramos com parte da delegação brasileira e levei a galera pra fazer comprinhas. À noite fomos jantar em Old Delhi, idéia quase de jerico porque essa é a parte mulçumana da cidade e era época de Ramadã e, além disso, eram 6 horas. Totalmente de jerico. Porém logo a boa comida nos fez esquecer a fome negra e o perrengue que passamos nas ruas até chegar no restaurante.
Dia longo e no outro dia eu trabalhava. A mamata acabou. Teve bão. Mais uma grande aventura na Índia. Mais aprendizado. Muita história pra contar.
Me despedi de todos que seguiram para Agra. Um triste até logo. E espero que logo mesmo e agradecimento pela incrível compania.

Namastê!

domingo, 3 de outubro de 2010

Umas semaninhas de Folga - Capitulo 1 - IC

3 de Outubro – A chuva lavou a alma da Índia! Temperatura agradável e céu azul

Finalmente vou contar um pouco sobre as duas semanas de folga que tive do trabalho (dividirei em 2 capítulos). Nossa, depois de tanto correr, de tanto cansaço no trabalho finalmente consigo tirar alguns dias pra viajar (de forma diferente da usual com viagens corridas de final de semana). Alguns dias não, benditas duas semanas inteiras.
Primeiro destino Hyderabad para participar do Congresso Internacional da AIESEC. Depois de tanto esperar e pensar em como eu poderia participar, estava eu ali louca arrumando a mala para o evento. Dez dias de conferência com pessoas de 110 países diferentes. Não há outra palavra para descrever senão mágico. Além de vários encontros com pessoas novas tive vários reencontros maravilhosos. Babi, da AIESEC BH, atual presidente da @Bolivia, também participou do evento e by the way era minha chefinha de delegação. Tive uma vida tripla durante todo o evento. Era delegada da Bolívia, porém acabei um pouquinho delegada do Brasil também (se era pra dançar roll call, puxar grito e ficar com a galera lá estava eu, a saudade bateu mais forte), e também era parceira, pois estava representando a TCS (se era pra locomover de taxi, ficar no hotel no pré meeting e pegar red bull de graça era eu de parceira: - OC: - Why you don´t have a badge? Cara de pau: – I am a partner! OC: – Oh I am so sorry! Só na malandragem.
Cheguei em Hyderadad já virada (tinha ido numa pool party antes e cheguei em casa já só pegar a mala e ir pro aeroporto) e fui para o hotel onde o pré meeting estava acontecendo. Tava louca pra ver a Babi, que já estava na Índia há uns dias e encontrar outros amigos que conheci na aiesec por ai. Encontrei com o pessoal da TCS também e já comecei fazendo bons contatos. Acabei ficando no hotel e no dia seguinte fomos pro Taj, hotel onde a conferência aconteceria.



Na cerimônia de abertura conheci a delegação toda do Brasil. Todos ótimos e super acolhedores comigo que queria tanto ficar perto da brasilidade (ainda mais com a barra de talento e guaraná Antártica que a Babi trouxe pra mim). A cerimônia foi ótima e já mostrava um pouco de como o evento seria.



Me divertia com todos reclamando da pimenta. Já dizia a Babi: a pimenta acumula, ela é loucaaaa. Ficava pensando o tempo todo sobre o que os delegados estavam pensando da Índia. Cada hora acontecia uma coisa e o povo me olhava: Ah gente aqui na Índia é assim mesmo hehe. Enjoy!
Já nos primeiros dias estávamos focando a construção da visão 2015 da AIESEC. Tudo era sobre a visão. Momento muito importante, pois todos os 700 delegados que estavam lá construiriam juntos o caminho pelo qual a organização vai seguir pelos próximos 5 anos. Durante os 10 dias tivemos várias sessões super interessantes e tivemos acesso a ferramentas usadas por grandes empresas para construção de direcionamentos.
No meio de tanto construção, fazia umas das coisas que mais gosto de fazer: observar as pessoas. Estava num mar de diversidade constituído por 110 nacionalidades diferentes. Observava como falavam, como gesticulavam, como resolviam situações, como se cumprimentavam, como reagiam à Índia, e principalmente me maravilhava com a paz e igualdade de todos. Era brasileiro falando de futebol com argentino, paquistanês conversando com indiano, religiões diferentes juntas, mil perspectivas e todos ali com a mesma vontade de mudar, de agir de forma positiva no mundo. Mágico.
Resumindo a conferência posso dizer que ao ajudar na construção da visão 2015 construí muito para mim mesma. Sempre durantes as sessões éramos levados a pensar sobre nosso papel na organização e no mundo, sobre nosso futuro e nossa própria visão. Incrível como aprendi muito sobre mim mesma. Principalmente que sim Letícia se você comer carne de vaca agora vai ter má digestão. Ai fudeu!
Depois desses 10 dias mágicos, sobre os quais poderia ficar escrevendo horas, parti pra segunda parte da viagem.
Depois de tanto tempo tentando decidir pra onde ir…devolve passagem, procura passagem de avião, trem, camelo, ou qualquer coisa que mova, perdi sessão, olha mais opções, aff compramos tudo. Podemos relaxar. Saímos do Taj, eu Babi e Marina (da TCS) e fomos jantar com alguns trainees que moram em Hyderabad e com a Ale (minha nova e querida amiga que a Índia me deu). Saímos do luxo do Taj e voltamos a realidade dos trainees. Bom que fomos nos acostumando com o que nos esperava.

Próximo capítulo:
- vacas, rio, corpos
- uma experiência acima de palavras….

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Como ser um EP famoso

17 de Agosto – e as chuvas começam a tomar conta

Acho que o primeiro passo pra se tornar um EP (Exchange participant) é vir pra Ásia. Depois que Mari Moura saiu no jornal de Delhi e Lucas Lage saiu num Site sobre desing no Cazaquistão era minha vez de ter meus 15 minutos de fama.

Num belo final de semana que tinha tudo pra ser monótono as pessoas começaram a me notar. Recebi uns 3 convites diferentes e entre eles entrar para uma agência de modelos. Eu??? Modelo?? Sou tipo fora do padrão né? “Nada, bobagem! Você é alta, bonita, e que estrutura óssea de rosto…nossa!” Hum esse elogio só não foi mais estranho que meu médico (que fez minha cirurgia pra tirar minha bendita vesícula) dizendo que minha barriga era linda por dentro. Algumas pessoas são realmente estranhas.

Bem, já no mesmo suposto final de semana monótono eu tinha um casting marcado para uma propaganda. Daí eu amigo me liga chamando pra participar do casting. “Ai eu já to indo….te vejo lá.” Chego no lugar e umas pessoas tão fazendo prova de roupa e fotos. Como o comercial nem tinha falas (e eu seria figurante anyway) o casting era só de prova de roupa e teste de câmera que foi reduzido a uma foto. Eu nem fiz a foto, sei lá por que, mas pediram pra mandar depois. Ok. “Nossa que inicio!” Bem, uns dias depois o produtor me liga pedindo pra encontrar com os outros “atores/modelos” na agência. Ok mas eu trabalho amanhã meu querido. Ai já vai eu ligar pro meu chefinho na maior cara de pau depois de me aconselhar com algumas pessoas.

Chegando lá, entramos em dois carros e fomos pra locação. Um palácio bem do estilo indiano. Tava achando uma graça, eu sentada no carro, com meu MP3 olhando aquela paisagem da Índia que sempre me surpreende passando. Foi uma viagem super agradável. Chegamos, maquiagem, cabelo, roupa, assessórios, vai na estilista ver se ela aprova o look final e se prepara pra esperarrrrrr. Nossa e espera e espera. É noite e vamos gravar. No meio do dia fui entendendo a história do comercial que era de um refrescante bucal. Um cara fodão da Índia convidou o Embaixador da Rússia na Índia para a festa de ano novo. O Embaixador veio com esposa e suas sete filhas. Daí a gente tinha que gritar happy new year (antes com a contagem regressiva, começando do 3 graças a Deus). Foram em média uns 25 takes. “Lights please! Silence! Go sound! Role camera! Action! A sala estava sendo refrescada somente por 2 ventiladores de teto….aff tava quente não bobo. Pelo menos eu não estava de terno. Daí troca a posição da câmera, refaz as marcações (onde cada pessoa deve ficar) e Role camera, Happy New Year. Daí, troca de roupa, a família Russa toda troca de roupa e cabelo enquanto a gente, esperaaaa mais um pouco. No rádio “bring the russian daugthers!” Tudo era as tal das russian daugthers. Russian daugthers pra lá e pra cá. Descobri que se eu tivesse pintado meu cabelo de loiro como o produtor havia pedido eu seria uma das Russian daughters. Ia subir de status bruscamente, mas meu querido meu cabelo loiro? Ah tem limite hehe.



Daí mais alguns takes e dessa vez em outra festa e dizendo Happy New Day (o tchan da propaganda era dizer que todo dia era um happy new Day com pan masala). Olha vai ser brega assim aqui na Índia viu! Hehehe

Daí jantar, mais uns takes eeeee “it’s a wrap everybody”. Ai que beleza, vou pra casa. Já são 1 da manhã.

PS: o comercial ainda não foi ao ar!

Uns dias depois meu “agente” me liga porque precisamos marcar as datas pra fazer o book. Reunião com fotógrafo, escolhe a equipe (maquiador e estilista), fecha data. “Ai será que eu faço mesmo?” “Ai vamo que vamo, será no mínimo divertido.”



Doze horas de produção e fotos. Foram 6 looks. Faz a base da pele, lente de contato pra dar brilho, começam os looks. Alguém ai acha que vida de modelo é fácil? Aff. Uma vez que você entende o que o fotógrafo quer e acha a posição “don´t move!” só que aí cada foto precisa ser diferente. Olho apertado. Você lá naquela posição que parece tá horrível e ele falando que tá lindo. Mil flashs em segundos e você “Ai meu Deus.” Dai começam os gritos: “Shoulder down, chin out, chest up, abs in, look far, FAR, give me attitude, MORE ATTITUDE.” “Smile…..less….smile less…(ai eu já com nenhum sorriso no rosto, quase com cara de brava)…smile less. Eu nem podia mexer pra falar “Oh meu querido! Smile less????? “Smile with your eyes” “ah claro…simples….dã”. E Michelle lá, minha fiel escudeira e primeira fã, me dando suquinho e água...uma graça. Valeu!!!!



Ai começam os paparicos. Academia de graça. Já não pago mais nada em festa nenhuma, vou em festas e os fotógrafos tiram fotos (mais do que nas festas normais porque aqui toda festa tem fotógrafo perseguindo….um perigo). Tipo paparazzi. Uma piada. Foi assim por um tempo agora não mais tanto…ainda bem. Quando faço algum evento dá pra ver a nítida diferença entre ser modelo e melhor…ser modelo estrangeira. A gente faz o que quer, trabalha durante o evento fazendo o que quiser e quando quiser, enquanto as indianas ralam. Horrível. Ai fui ver que só fui chamada pra ser modelo porque sou estrangeira. Então, que eu não tenho de modelo eu tenho de status aqui na Índia. Estrangeiro, pelo simples fato de ser estrangeiro já tem status. É incrível ver como isso acontece. Alguns chegam a dizer que a Índia é dominada por mulheres estrangeiras hehe. Aqui é chique ser amigo de estrangeiro, sair com eles. Alguns restaurantes e baladas pagam pros estrangeiros freqüentarem seus estabelecimentos só pra dar mais status. Uma superficialidade que até me causa desconforto. Mas confesso que por enquanto dizer não ao bom e do melhor está sendo um pouco difícil. Aqui em Delhi as coisas funcionam assim então os trainees se juntam e freqüentam essas festas sempre juntos pra não causar problemas ou má reputação pra ninguém. Um mundinho meio bobo de vaidades. Mas bem, a gente se diverte de qualquer forma e é passageiro. Em outras cidades as coisas já não funcionam assim, mas terei que investigar mais de perto pra saber ao certo. Me parece que Delhi é realmente uma cidade de vaidades e aparências. Uma coisa meio falsa. Quero saber como é Mumbai, afinal Bolywood fica lá né?

Ainda não fiz muitos trabalhos impressos, mas quando algum material chegar nas minhas mãos (se chegar hehe) eu mando. Espero ter acesso ao comercial principalmente.

E quem sabe…bolywood que me aguarde.

domingo, 8 de agosto de 2010

A vida em Delhi

8 de Agosto - a chuva trás um pouco de normalidade pra temperatura

Percebi que meu blog virou um blog de viagens. Até parece que eu só faço isso aqui na India. Todo mundo sabe que eu adoro colocar o pé na estrada, mas aqui tô ralando bastante também, me adaptando a vida na India e vivendo umas coisas malucas de vez em sempre.
Aqui, por mais que sua vida normalize, sempre acontece algum inesperado. Na verdade acho que todo intercâmbio é assim. Enquanto estamos fora a gente se abre muito mais ao novo. O tempo é limitado e há de se aproveitar cada minuto. Porém nesse intercâmbio, acho que não passo um dia sem falar um “Ai meu Jesus Cristinho”, “Ai papai” ou quando o bicho pega “Ai minha Nossa Senhora da bicicletinha”. Ponho em ação quase todos meus jargões.
As pessoas do trabalho agora estão se acostumando com o fato de que eu escovo os dentes depois do almoço, que as vezes eu falo português no telefone, que pode tá o calor que for…eu não gosto de chuva, que eu como arroz com garfo e não com colher. E eu me acostumando que os homens não dão passagem pras mulheres, que algumas pessoas furam filam e que se você não tiver encostado na pessoa na sua frente você saiu da fila, que eles amam criquete e não futebol, que o prédio até mexe quando tem um…um…ah um gol de criquete hehe, que se você pede indicação de como chegar num lugar saindo do escritório alguém vai te dar uma carona.
Com relação a cidade eu me acostumei que tem buzina toda hora (as vezes nem escuto mais), que os indianos gostam de entrar e sair do ônibus em movimento (se o ônibus esta parado no ponto eles esperar arrancar pra entrar), que eles adoram andar pendurados, que e possível andar de scooter com 5 homens montados, que Sarojini market e uma loucura mais eu adoro, que Pahar Ganj markert é pior, mas eu adoro, que eles mascam tabaco e cospem na rua (fica tudo colorido de marrom…ecaaa), que tem vaca pra todo lado, que Old Delhi me da dor de cabeça, mas nossa que lugar louco de ir, que o mundo vai acabar em poeira, que é possível ser espertalhão e bondoso e generoso ao mesmo tempo, que os motoristas de rickshaw não sabem o caminho (mas Rasta pata re, bhaya! Eu sei o caminho amigo!), que quem sabe negociar tem o custo de vida reduzido nesse pais, que atravessar a rua é uma aventura, que deve ter alguma coisa do além me protegendo (só pode).




Aqui no trabalho as coisas vão bem. Tô aprendendo e ganhando a confiança do meu chefe. Agora é hora de analisar as possibilidades que me foram apresentadas. Como será o fim do meu intercâmbio? Pelo andar da carruagem diferente do planejado, mas poxa eu gostava tanto do meu plano. Ficarei em Delhi? (o caos, mas eu adoro e quem fala mal leva uma puxada de orelha minha), mudarei pra Mumbai? Volto pra Brasil no momento previsto? Vou pra outro país? Aff sei lá….
Uma amiga estava me falando sobre coisas da vida e disse que dá pra dividir as nossas questões em dois círculos: circles of influence and circles of concern. O circle of influence permitem ação da nossa parte. Se você quer algo vai lá e mexe seus pauzinhos. No circle of concern não adianta meter o bedelho, e aquele ponto em que você fez o que podia, mas ai tem eu deixar rolar. O destino fará o resto. Ok, mas será que dá pra me fazer ficar menos ansiosa? Nem na India eu aprendi a ser calma, relaxada, desisto.
Mais ainda termino esse post com fé no que vou dizer:
Let it be!!!!!
Seja bravo e nunca fuja das oportunidades……

terça-feira, 29 de junho de 2010

Rishikesh

29 de Junho - Calorrrrrrr

Nossa depois de uma mega sumida estou de volta. E estou aqui porque depois de uma longa pausa coloquei o pé na estrada de novo. Eu disse que não viajaria durante o verão porque simplesmente é quente demais pra ficar turistando por ai ou enfrentar um deslocamento grande. E de fato ficou muito quente. Uma semana em especial quando a temperatura chegou a 50 graus aqui em Delhi. O governo mente sobre a temperatura e não deixa anunciar que chegou a 50, porque aí os serviços são obrigados a fechar. Os anúncios só vão até 49....nossa grande diferença. Foi muito interessante ver que ainda há vida depois dos 50 graus hehehe. Porém, eu ainda tenho dúvidas sobre a sobrevivência da população do Rajastão.

Durante esse tempo tenho tentado escrever sobre a vida em Delhi, mas é tanto coisa...tantos assuntos...e o tempo tão curto que nossa...sumi mesmo.

Bem, era uma bela quinta feira e o calor tava diminuindo (um belo dia de manha a temperatura diminui tipo 20 graus....doidera) e Luis me diz que estão indo viajar na sexta. "Ah mas poxa nem me avisaram." "Uai vamos também" Arrumaram um lugar pra mim e fomos eu, Luis, Rodolfo e Michelle.

Era uma viagem pra Rishikesh organizada pelos trainees da aiesec. A primeira vez que ouvi torci o nariz. Eu e mais 26 indo viajar...vai dar confusão...gente demais. Mas resolvi ir assim mesmo. Eu não ia ter que organizar nada, a galera era ótima e já tinha uma programação...só um final de semana.

Partimos num ônibus com ar condicionado, que porém, não muito cabia a minha pequena pessoa. Os europeus estavam se divertindo com o aperto também. A idéia era ir pra um acampamento que fica um pouco afastado da cidade e curtir a natureza. No caminho a doida da Michels começou a fuxicar na enorme bolsa: "Quer água Leticia?" "Não valeu Michels". Quer biscoito?" "Não. Brigadinha". "Quer chocolate?" E eu impressionantemente disse "Ah não valeu". "Quer um bindi (terceiro olho)?" "Nossa ai agora sim....por que como eu ia sobreviver a essa viagem sem um bindi?" kkkkk. Mas era melhor fechar a bolsa logo. Sabe-se lá o que mais ia sair de lá hehe.




Chegamos pela manha e tínhamos que descer uma ladeira de pedras. Desci, desci, desci. "Gente cadê esse trem?" Chegamos lá e me senti no filme "A Praia" hehehe. Estávamos só nós lá excluídos da sociedade hehe. O acampamento ficava numa "praia" do Rio Ganges. É gente nadei no Ganges. Mas não se preocupem que estávamos na nascente do rio. Eu ainda estou bem.




As barracas estavam no chão porque rolou uma chuva sinistra no dia anterior. "Ai meu Jesus Cristinho, não vai me inventar de chover de novo." Café da manha, barracas montadas e divididas. Até que as barracas eram boas...tinha até cama e saco de dormir da North Face. Perguntamos pra um cara onde era o banheiro e ele riu da gente. "É Michels deve ser a segunda árvore a direita mesmo." Mas depois vimos que ele não entendeu o que a gente perguntava porque no fim montaram um banheiro legalzinho.

Durante a manhã ficamos lá jogando vôlei e nadando no rio. Correnteza sinistra. Mais tarde um pouco partimos pro rafting. Fomos de ônibus até o local e saimos em 4 botes. Eu fiquei no singing boat. A gente cantava o tempo inteiro...até que o guia do barco pedia pra gente ficar calado. Quando a correnteza aumentava e a gente chegava perto de corredeira precisávamos escutar os comandos. FORWARD, HARD FORWARD, BACK PEDAL, RELAX.....odeio back pedal...Esse rafting foi beeem mais legal que em Manali. Umas das corredeiras era nível 3...dai da uma emoçãozinha e aquele: "Ai minha nossa senhora da bicicletinha agora eu caio." No fim o guia começou a cantar com a gente. Estávamos chegando perto de uma corredeira e ele se levantou...eu me virei pra ver porque ele tinha parado de cantar. Dai ele faz uma cara, senta, pega o remo e grita: FORWARD, FORWARD, HARD FORWARD. "Ai meu deus ferrou tudo agora." E a gente se aproximando das pedras...não sei como não batemos hora nenhuma. Mas ficou tudo bem. No meio do rafting de 3 horas paramos numas pedras. Tava todo mundo subindo pra pular no rio e lá vai eu atrás. Quando cheguei lá em cima fui me dar conta de como era alto. "O que eu vim fazer aqui mesmo?" Respirei fundo e pulei. No final o guia deixou a gente pular numa corredeira nível 1 e fomos levados pela águas....tudo com o bote do lado claro.




Voltamos pro acampamento...almoço...cochilo...jogo de futebol (seria desastre de futebol)...banho....ligando lamparinas e churrasco Indiano. Ai adoooooro churrasco indiano...tenho que aprender a fazer. Tá que poderia ter uma picanha e tal, mas não...só frango e paneer. Deliciaaaa. Dai depois de comer muito o cara do acampamento fala: "ok vou trazer o jantar." Nossa só os leitão né? Nem aguentei comer e fui direto pra sobremesa. Dai rodinha da galera, música, pedidos pra eu imitar a Shakira...vixi mas depois daquele churras tava foda. E eu lá rodeada de colombianas. Num final de semana com tanta gente de países diferentes pude ver realmente como e a fama das brasileiras, somos festeiras, bonitas, ótimas dançarinas, pulamos carnaval de biquíni...e bem por ai vai abaixo hehe...hummm

No outro dia, passamos a manhã no acampamento aproveitando o rio. A tarde seguimos pra cidade pra almoçar e conhecer um pouco. Não fosse o engarrafamento tava tudo bem, mas chegamos lá e tínhamos uma hora e meia pra achar um restaurante e voltar. Tarefa difícil. Dai saio eu na frente perguntando geral hehe. Uma pena que não tivemos tempo pra ver a cidade. Rishikesh é uma cidade sagrada para os hindus porque é banhada pelo Ganges e foi local de batalhas entre deuses. É conhecida hoje como a capital da yoga. Então ainda volto lá só para viver o lado espiritual da cidade. Quero ficar numa Ashram e praticar muita yoga, meditação, ver os rituais que acontecem todos os dias. Não vejo a hora.




Mas dessa vez, comemos correndo e de volta pro ônibus apertado. A gringaiada toda com rap das armas na cabeça: Parapa papapa ehehe. Fizemos um vídeo da francesa cantando...peça rara. Depois da cantoria dormi que nem um bebe...tava morta.

Dai eu pensei...Por que eu parei de viajar mesmo?

Mês de Julho que me aguarde.

sábado, 1 de maio de 2010

Imagens pra que te quero

1 maio - pós aniversário....problema de ar condicionado resolvido...Deus é pai!

No próximo post conto sobre as 3 festa de aniersário, algumas indian style, que tive. Estou esperando para receber as fotos e postar aqui.

Por enquanto ai vai o link da minha página no youtube. Vários videos que fiz pelas minhas andanças com o Lucas. Pra quem não leu...dá uma olhada nos posts anteriores com o titulo caminho da indias aieseca pra entender melhor.

http://www.youtube.com/results?search_query=leticiagmaia85&aq=f

Namaste