quarta-feira, 31 de março de 2010

Caminho das Indias versão aieseca Cap - 2

31 de março – short , camiseta, ventilador

Parabénssss Vivizoca, tuudo de bom pra você. Felicidades mil. Um mochilão na Ásia e um carnaval na Bahia. Saudadesssss de você.

Capitulo 2 – A saga de Khajuraho

Chegamos na estação de Delhi pra pegar o trem pra Khajuraho, que é a cidade dos templos do Kama Sutra. O trem daquele jeito indiano de ser. E eu tenho que parar de ser pão dura e viajar numa classe melhor. Fomos de sleeper. São seis camas por cabine que nem tem porta hehe. Acho de boa na verdade, mas no fundo é meio tosco. O Lucas ficou meio assustado, mas se adaptou bem. Dormimos as 12 horas de viagem. Pertinho hehe. Chegamos lá e um motorista de richshaw do hotel que eu tinha reservado por telefone no trem foi buscar a gente. Dai virou nosso motorista oficial. Lucas virou meu marido pra evitar maiores confusões, tipo nos dois no mesmo quarto.
Fomos a caça de um restaurante pro café da manha. Fomos pra um que a mesa era numa árvore. Mas aff tinha que pagar 100 rúpias pra sentar na mesa. Tiramos foto só…tá ótimo. 100 rúpias é o preço do café da manha uai hehe. Depois da dificuldade de comprar meu ticket indiano pros templos e da barganha com o guia, entramos no grupo oeste. Muito legal. Os templos são lindos e todos trabalhados. Por fora e por dentro as paredes são esculpidas com estátuas. Algumas com posições do Kama Sutra. Algumas contavam histórias e mostravam símbolos sobre a tentativa de controlar os desejos. Esses templos foram construídos não por perversão e oba oba vamos aprender posições diferentes. Na verdade foram feitos pra controlar a putaria da época. A intenção da construção dos templos era transformar o sexo e os ensinamentos do Tantra em algo sagrado e que exigisse respeito. Se funcionou não sei. Agora sei que não funciona. Todo mundo pensa em kama Sutra e oba oba juntos hehe. Agora convenhamos tem umas posições que não dá não viu? kkkk. Só depois de muita yoga e depois de ter usado muito banheiro indiano pra conseguir dobrar os joelhos daquele jeito. Recomendo pegar um guia, porque as esculturas tem vários segredinhos que renderam boas piadas internas depois. A gente só querendo se jogar na boca do dragão.



Ardendo no calor fomos tomar uma cerveja e almoçar. Até eu me rendi num copo de cerva gelada. Por causa do calor e da fome já foi suficiente pra ficar altinha. Pra voltar pro hotel tínhamos que passar no mercado. Como a cidade tava vazia éramos atacados pelos lojistas. Jesus. Comprinhas. Mandei fazer umas calças. E fomos ver o por do sol nos templos do sul. O desespero foi tanto que saímos cedo demais e acabamos voltando pro hotel antes do por do sol, que foi visto no terraço do restaurante. Bonito também. Fomos assistir a um show de dança dos locais. Muito bonito. Roupas coloridas. Seis tipos de dança. Jantar e cama. No outro dia a gente madrugaria pra fazer aula de yoga.
Fomos pra uma ashram fazer aula de yoga e sai de lá querendo matar o yogi hehe. Chato. Dai fomos ver uma reserva ecológica com cachoeiras. Mas como estamos na seca a cachu também tava seca. Aff e claro que o motorista não avisou. Anyway o lugar era lindo e vimos os cânions com uma água chamando a gente pra nadar. Mas é proibido. Aff. Fizemos um safari de rickshaw e vimos alguns animais. E voltamos pra cidade naquela fome negra já pensando no pedido.
Chegando lá o motorista disse que o ônibus não viria naquele dia. Pra voltar de Khajuraho temos que pegar um ônibus até Jhansi, que supostamente sai de hora em hora, e de Jhansi um trem pra Delhi (passagem já comprada e compromisso de trabalhar no outro dia). Então resolvemos ir de trem pra Jhansi. “But you have to go now” Sem almoço???? O cara do hotel fez um sanduíches pra gente enrolados no jornal. Ai minha nossa senhora da bactéria. Compramos o ticket do trem e sentamos na farofada do almoço. Dai lá vem o motorista de novo. “Lucas se ele pedir mais dinheiro eu vou bater nele.” Que injustiça. Ele veio avisar que o trem iria atrasar muito. Eh laia. Dai devolvemos a passagem e fomos pra estrada pegar o primeiro ônibus que passasse. Pegamos um pra Chatapur. Aquele ônibus indiano no esquema. Nem lugar pra sentar tinha, mas logo conseguimos. Tava sentada naquele calor com a mala no colo esperando uma galinha voar na minha cabeça a qualquer momento. A cada ponto que parava eu gritava Chatapur???? Não ainda não. Chegamos lá e saímos no desespero pra pegar o ônibus pra Jhansi. Os motoristas de ônibus sempre gritam seu destino ai logo achamos o de Jhansi. Um ônibus melhorzinho, mas ainda estilo shity bus, com música ambiente kkkkk. O motorista louco de pedra. Buzina louca que tocava toda hora. A gente no sol dormindo não sei como kkkk. Fomos pra essência da Índia. Viajamos como mochileiros tradicionais hehe. Só na aventura. Todo mundo olhando a gente. Estrangeiro não deve passar nessas cidadezinhas e muito menos pegar esse ônibus. Além disso a gente tava filmando tudo. Mas todo bem eu tava com meu marido. Tava segura. Ou talvez ele tivesse seguro hehe.





Chegamos em Jhansi 4 horas antes do trem sair. Fomos pro melhor restaurante da cidade e comemos como reis.” Moço liga esse ar pelo amor de Ganesha” “Hum mas ainda faltam 2 horas.” O povo do restaurante achando estranho. Por fim resolveram trazer a conta sem a gente pedir. Pedimos sorvete e o cara adicionou na conta ali mesmo hehe. Terminamos e eles olhando com cara feia. “Aff tá bom vamos embora.” Fomos pra estação e ficamos sentados lá..naquela beleza, só na mosquitada. Dai vimos uma vaca na plataforma. “Como esse bicho veio parar aqui? Tipo desceu a escada kkkkk?” De repente a vaca some. Eu hein??? O trem chegou bem adiantado e saímos como loucos tentando achar o condutor pra ver se rolava um upgrade na passagem. A gente merecia um sleeper com ar condicionado depois daquela aventura. Conseguimos. O trem tinha até roupa de cama cheirosa. Ninguém gritando chaiiieeeeeeeeeee. Uma beleza.
Chegamos em Delhi, duas horas de sono. Banho e trabalho. Força na peruca.
Essa foi a viagem mais louca de todos os tempos. Me lembrou a @BH inventando historias numa van nas estradas uruguaias. Vai jamão ai gente? Eeeee adoro uma farofa.

Cenas do próximo capítulo:
- Na madrugada indo pra Agra
- O Taj Mahal
- Aprenda a ser cara de pau

terça-feira, 30 de março de 2010

Caminho da Indias versão aieseca - Cap 1

30 de Março – short, camiseta e ventilador

Semana passada recebi a visita ilustríssima do Lucas Lage, exchange partipant (EP) da AIESEC BH no Cazaquistão. Tava aguardando ansiosa. Roteiro: Delhi, Khajuraho e Agra. Três dias de folga eta beleza. E vamo que vamo.

Devo dizer que essa visita rendeu uma novela…então vou ter que dividir hehe.

Capitulo 1 – A chegada

Mari Moura, EP de BH também, passou lá em casa com seu motorista de taxi de sempre. Finalmente conheci o famoso Manish. Depois de tempos sem ver a Mari fomos no maior papo e na maior ansiedade porque o trânsito tava caótico e já estávamos atrasadas (isso porque era 22:00). Chegamos no aeroporto e claro o vôo tava atrasado. Atrasa mais um pouquinho. Meu olho começou a dar uma alergia sinistra. Pinga colírio. Faz piquenique no banco do aeroporto, farofada de leve. O avião aterrissa. “Oh esse povo tá branco, deve ser do Cazaca”. Eis que chega o Lucas todo trabalhado no inverno (gíria nova dele). Ele saiu da neve e dos -5 e foi pros 200 graus de Delhi. Fotinhas. Taxi. Sacola do duty free com champanhe. Tava quente, mas a gente resolveu beber assim mesmo. Estávamos a caminho de uma festa. “Lucas você não vai me estourar essa champanhe no carro.” “Calma fia eu tenho a manha”. Puxa daqui puxa de lá..bum e depois um BUM mais forte. Empurrão forte. Oops batemos o carro. Olho pra trás e vejo um ônibus. “Ai minha nossa senhora da bicicletinha o trem foi grave, batemos num ônibus, morri e nem senti, toda concentrada na champanhe. Teve bão.




Mas ai vi que era uma moto que tinha batido. Motoqueiro bem. Moto destruída. Carro amassado. Polícia chega. Três estrangeiros bebendo no carro. “Esconde essa champanhe.” Propina pro policial deixar o Manish ir. Festaaaa. Bom claro que a gente perdeu horrores. E festaaaaa. Uma das festas mais legais que fui aqui em Delhi. Despedida de uns trainees na farmhouse de um DJ amigo nosso. Sinistro. Muita música. Guerra de água. Cabelo que eu tinha acabado de cortar ficou lindooo hehe. Quando fomos embora pensei. “ É..essa semana promete. O menino já chegou causando acidentes hehe”



Voltamos pra casa de manhã. A Mari voltou pra Gurgaon. Tipo Contagem daqui. Poucas horas de sono e turistada em Delhi. Calor da moléstia. Litros e litros de água, as vezes refri porque não dá pra confiar em qualquer água. Picolé pra gente ser feliz. Eu só na barganha com os motoristas de rickshaw e o Lucas rachando de rir da minha performance. Poxa mas diz ai…eu sou boa tá? E falo que nem todo trainee fala. Cada vez que eu combinava o preço era um vídeo e ele rindo no fundo acabando com minha concentração e cara de brava. “Bhaya I live here. I know the price. Good for you. Good for me.” Kkkk Aquele inglês macarrônico. Se você é turista e paga o dobro ok. Mas eu morando aqui e ganhando em rupias meu bem. Cara de mal neles. Acho chato porque tenho que ser grossa. Vou voltar uma lady pro Brasil, me aguardem. Mas na Índia faca como os indianos.



Comprinhas básicas. Presentes pras Cazacas. E de volta pra casa. Fecha a mala e rumo a Khajuraho de trem. E eu pensando “que será que o Lucas vai achar do trem da Índia…uiui.”
Cenas do próximo capítulo:
- Templos
- Por do sol frustrado
- Mais compras
- Dança
- Cachu seca
- Saga de volta pra Delhi

quinta-feira, 18 de março de 2010

Dharamshala e Dalai Lama

17 de março – short, blusa, lençol e ventilador

É já ta ficando quente. Mas por enquanto nada muito alem do calor belo horizontino.

Hoje venho aqui contar sobre a viagem para Dharamshala. A melhor e mais despreparada viagem de todos os meus tempos indianos. Na quinta demos a louca e decidimos tentar pegar um ônibus na sexta pra lá. Sem saber muito bem onde ir. Aqui não tem uma rodoviária propriamente e quando tem é um verdadeiro amontoado de ônibus. Quando se viagem no shity indian bus a passagem tem que ser comprada na hora. E descobrir o horário que o ônibus sai e quase impossível. Então mochila nas costas e rumo ao local de partida dos ônibus. Pegamos o shity bus, assim como em Jaipur, só que dessa vez a viagem durava 12h. Nossa, depois de duas horas a gente já não se aguentava mais de desconforto. Nenhuma posição servia pra dormir. Até que a Kim conseguiu umas poltronas vazias e se deitou. Depois veio me chamar pra trocar de lugar, daí eu ia conseguir dormir também. Quando acordei no meio da madrugada pra chamar a Ellen (fomos as 3 mocinhas) vi que cada uma estava ocupando um lugar. Os indianos todos apertados sentadinhos e a gente na maior folga. Acho que pela primeira vez fomos mais espertas e rápidas que eles. De manhã quando acordei fiquei reparando a estrada. Lindas montanhas. Paisagem maravilhosa. Dai vi como a estrada era cheia de curvas…nossa lá vai eu ficar enjoada. Mas não…fiquei bem. Tava pensando: ah até que a estrada é boa, espaçosa. De repente vem um caminhão na direção contrária. Aahh o motorista tá dirigindo no meio da estrada, mas não é mão única não hehe. A estrada na verdade era bem estreita. Mas bem o motorista parecia saber o que fazia. Por fim dormi de novo que era pra não sofrer hehe.
Chegamos em Dharamshala e pegamos outro ônibus (local) para Mcleod Ganj (onde realmente o turismo acontece). Estávamos super sem saber o que fazer. Café da manhã com Lonely Planet nosso pastor. Decidimos ver o templo, fazer uma aula de yoga e depois aula de culinária tibetana.
Mcleod Ganj é a cidade dos refugiados do Tibet e onde nossa santidade O Dalai Lama mora. A diferença de ambiente é nítida. Cidade calminha nos pés dos Himalays cheia de gente com o olho puxadinho. Milhões de freiras e monges budistas, todos com a mesma roupa e cabeça raspada. A cidade e bem mais fria, mas tem um ar bem aconchegante.
Chegando no templo vimos que todos estavam subindo pra o outro nível fazer não sei o que. Descobrimos que precisávamos nos registrar e que não dava mais tempo. Aff. Ficamos presas na parte de baixo e lá realmente não tem nada. De repente no auto falante um monge começa a rezar. A coisa mais estranha que já ouvi. Uns sons guturais...meio cantado. Mais grave que canto gregoriano. Então resolvemos sentar pra ouvir. Eis que me vem um canadense e pergunta por onde o Dalai Lama ia passar. Hein????? Ele tá aqui???? Vê-lo aqui é quase impossível. O cara é super pop e vive viajando, mas não é que fomos no dia e hora certos. Perguntei pra um segurança. Você quer ver nossa santidade? Senta aqui...ele vai passar daqui uns minutos. Nossa que emoção. Todo mundo sentadinho no chão. Os seguranças fecham a passagem com cordas de contenção e a comitiva começa a passar. Me pergunto se vou distinguir ele. Todo mundo igual hehe. Mas eis que ele passa com aqueles oclinhos inconfundíveis. Uma paz que só. Todos se curvam e juntam as mãos para reverenciá-lo. Eu boba paralisada até que levei um tapinha de uma moça e me abaixei também. Lá estava ele a distância do meu braço esticado. Podia ter encostado, mas não queria ser presa hehehe. Então ele sobe pro templo. Dai entendi porque todos estavam subindo. Ele ia ensinar. Sentamos no térreo mesmo e ficamos ouvindo pelo auto falante. Só que era em tibetano. Acho que pela formação da língua, mas ele fala umas 200 palavras por segundo.
Estávamos gostando, mas não entendendo nada então decidimos ir pra aula de yoga. Eu com o cóccix doendo há duas semanas depois que cai achando que posso jogar capoeira hehe. Aula muito legal, relaxante, meditamos, me estiquei toda. Meu cóccix nunca mais doeu.
O yogi era bem doirão, todo zen e vamos celebrar o amor. Um peçaa rara. Nos contou sobre a vida dele e a prática de yoga. Disse que no outro dia ia visitar o guru dele e perguntou se gostaríamos de ir. Achei meio estranho, mas a Kim endoidou, bem o que ela queria uma Ashram (local onde se pratica yoga e meditação) nas montanhas.
De lá fiz umas comprinhas (lugar ótimo pra compras) e fomos pra aula de culinária. Aprendemos a fazer momos, um tipo de pastel tibetano cozido no vapor. Super fácil de fazer, mas dá um trabalhinho hehe. O melhor da aula foi poder conversar com o professor. Quando tinha 20 anos fugiu do Tibet com um amigo. Passaram 28 dias nas montanhas, na neve tentando entrar na Índia. Após a invasão da China o budismo foi proibido e o Dalai Lama banido. A pressão política da China sobre o Tibet é enorme. Tudo é controlado. Agora até mesmo pra usar a internet é preciso se registrar no governo. E todos os sites acessados são rastreados por eles. O professor disse que tudo é extremamente controlado. Inclusive o que você pensa. Sai da linha e é punido. Perguntei o que o levou a fugir. Ele me disse que muitas pessoas fogem somente para ver o Dalai Lama. Escolha difícil porque uma vez foragido do Tibet não há como voltar. Ele disse que esse foi um dos motivos, mas queria liberdade de pensamento. “Minha mente é livre e sem limites, quero poder pensar o que quiser.” Conversamos sobre opressão da China, economia e política mundial, foragidos, de como a fuga acontece. Ele não vê e nem fala com a família há 8 anos e não tem a menor perspectiva de que isso aconteça. Se ele liga pra família ou até mesmo manda uma carta o governo vai saber e pode puni-los. “Pela segurança deles não me comunico. Foi uma escolha minha fugir.” Bem sofrido isso. Fiquei pensando na mãe dele. Ele nos contou também sobre o budismo e a proposta de tolerância. A questão é sempre buscar ser uma pessoa melhor e feliz. Buscar a felicidade do outro também. Sua fé, seu país, sua cor, sua facção política não interessam. O que interessa e a busca do equilíbrio e paz interior e exterior. Não é necessário ser budista para praticar budismo. Fiquei muito interessada em saber mais, mas tínhamos que voltar pro hotel. Comprei um livro do Dalai Lama na volta.
Essa foi a primeira viagem desvinculada da galera e da bagunça. Fomos as 3 mocinhas na busca de relaxar um pouco da loucura de Delhi. Dessa vez senti bem a cidade, conversei com pessoas que moram lá, conheci histórias, aprendi. Depois de um dia tão despretensioso e mágico, só porque eu tinha falado para uma amiga que estava sobrevivendo bem a Índia, tive minha primeira zica. Não sei bem o que foi, intoxicação alimentar provavelmente. No outro dia ainda me sentia mal e nem conseguia me mexer direito. Não fui pra ashram e só depois de muita insistência minha as meninas foram. Passei o dia na cama e não consegui comprar o jornal tibetano da Marcelle e nem a pimenta tibetana pro Leandro. Estava bastante preocupada sobre a volta. O ônibus seria melhor, mas eram 12h de viagem numa estrada em espiral. Os ônibus da Índia não tem banheiro. Uiui. Tomei um remédio de viajante que eu chamo de rolha. Prende tudo kkkk. Tomei um dramim segurei na mão de Deus e fui. Cheguei viva em Delhi as 6 da manha e 7:30 estava saindo de casa pra pegar o ônibus da empresa. Força na peruca. E vamo que vamo.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Holi



8 de Março - short, blusa e 1 edredon

Dia 1 de Março foi dia de Holi - Festival das cores. Tava super na expectativa sobre esse dia que todo mundo fala tanto. Os indianos endoidam com o Holi. Acho que é o festival que eles mais gostam depois do Diwali. Todos falavam: You're gonna have sooo much fun. Dai a primeira dificuldade: onde passar Holi? Como a idéia da comemoração é jogar tintas em pó e água na galera o simples fato de estar na rua já te faz um alvo fácil. E como tem espírito de porco em todo lugar algumas pessoas jogam ovo e alguns homens aproveitam pra pegar onde não deve na mulherada. Isso significa não ficar dando bobeira na rua ou talvez nem ficar em Delhi e ir direto pra uma festa na qual você sabe que não vai dar rolo. Como no dia anterior era o festival do elefante em Jaipur e ninguém de Kalkaji B resiste a um paquiderme (ainda mais todo enfeitado) lá se foi a família quase toda pela segunda vez a Jaipur. Depois de umas tentativas frustradas de procurar um outro apartamento pra morar (a aiesec esta querendo mudar a gente de lugar e estamos mantendo um plano B na carteira....nunca se sabe) fomos pra Jaipur no final do dia. Domingo de manhã umas comprinhas pelo mercado da cidade velha. Detalhe super importante: Comprei um saree. Ai agora vou arrastar meu saree pelo mercado demais. Assim que ficar arrumadinho eu mando uma foto. Se é que eu vou conseguir aprender a vestir esse trem algum dia. À tarde seguimos para o estádio onde o festival seria. Nunca vi tanto elefante junto na vida (tudo bem que qualquer 3 elefantes juntos pra mim já era demais). Todos enfeitados com pinturas, tecidos, ate piercing, tudo naquele exagero indiano, mas tudo muito lindo. Antes de entrar ficamos ao redor do estádio. Dai você tá bem conversando de repente passa um elefante em alta velocidade. Dai você leva uma rabada ou orelhada. Quando a gente cansou de ficar prestando atenção pra não levar uma elefantada entramos no estádio. Novamente lugar especial para estrangeiros. A gente se sente mal, mas venhamos e convenhamos eu não sou indiana e não aguento qualquer parada. A mestre de cerimônia anuncia que haveriam alguns jogos e que todos poderiam participar. Corrida com balde de água na cabeça (surpresa: a água era roxa), cabo de guerra entre indianos e turistas hehehe aff e holi nos elefantes (duas pessoas montadas num elefante jogando tinta nas outras...esse era muito legal, mas claro acabou rápido). Lá pro meio do festival a gente tava querendo matar a mulherzinha berrando no microfone. Mas tudo bem. Primeiro o desfile pra eleger o elefante mais bem ornamentado. Tarefa difícil. Dai a mulher explica que na Índia quando você quer elogiar uma mulher você diz que ela anda tão graciosamente quanto um elefante. Ah fala sério maluco! Os meninos já olharam pra gente (eu e Kim) com aquele cara. Dai eu já disse: quem me chamar de elefanta vai levar. Depois começaram os jogos. La vai eu pra competição de cabo de guerra. Quando vi eu era a única mulher, dei um passo pra trás, fingi que não era comigo e sentei na grama hehehe. Sorte a minha porque a corda arrebentou e todo mundo caiu no chão. Os meninos conseguirem participar do holi nos elefantes e ficaram daquele jeito. Cobertos de tinta em pó da cabeça aos pés. Fomos pro hotel tomar banho e depois festinha dos trainees da AIESEC. Combinamos de nos encontrar no dia seguinte pra comemorar com eles.
Chegado o tão esperado dia. Dificuldade pra tomar café...tava tudo fechado. Na rua toda hora passava alguém sujo. Quando saímos do quarto o dono do hotel já veio com tinta pra cima da gente. Na rua uma cena que já é comum, 3 indianos em uma moto só ou as vezes 4 ficou mais engraçada ainda com as tintas. Seguimos pro parque onde combinamos de encontrar o pessoal. Uma família indiana estava lá também. Nos deram comida e bebida. Todos muito solícitos. Música de fundo. A criançada pirando com aquele tanto de estrangeiro pra correr atrás. E a gente pirando com aquele tanto de criança jogando água. Era tinta pra tudo quanto e lado. Você para inocentemente pra tirar uma foto e leva uma baldada de água na cabeça. Aquela meleca. Muito divertido. Todo mundo muito animado, o astral tava ótimo. Cada hora chega um e fala: você ta muito rosa. Te enche de outra cor. Ai agora você tá muito amarela. Aff. Ficava o tempo todo tentando fugir da tinta azul escura que é muito difícil de sair. E claro todo mundo quer passar bem na sua cara. Depois de tantas trocas de cores posso dizer que fiquei guapa viu??? Mas ficar correndo no sol e levando tinta cansou rápido. Voltamos pro hotel. Banho rezando pra tinta sair. No chão do chuveiro não parava de escorrer água rosa. Seu eu mexia no cabelo aumentava. Um certo pânico no ar. Saia do banho toda hora pra olhar no espelho. Calma tá saindo hehe. Mas em alguns lugares a tinta ficou. Felizmente tudo fácil de cobrir pra ir pro trabalho. Saio do quarto e me deparo com um happy drunk smurff. O Luis da Costa Rica, novo integrante da família, tava sem camisa todo azul e bebendo cerveja. Que cena! O Matt todo rosa. O pobre do menino e loiro...aff dai a tinta não sai direito. Almoço rápido, todo mundo quase todo limpo e hora de voltar pra Delhi a tempo de ter uma noite de sono descente. Dessa vez resolvemos voltar no ônibus dos locais, mais conhecido pelos estrangeiros como shity indian bus. Nossa senhora da bicicletinha protege e vamo que vamo. De um lado 2 poltronas do outro 3 e sem divisórias. Sentamos bem atrás do motorista. Visão interessante a não ser pelo quase acidente. Um caminhão fechou o ônibus. Tava tentando entender por que demora 6 horas pra percorrer 261 KM. Ainda não sei porque a estrada e surpreendentemente boa, todo em pista dupla e como a Fernão Dias pedágio pra todo lado. As paradas seguem o naipe do ônibus. Na ida restaurante legalzinho. Na volta banheiro indiano sem luz.
Chegamos em Delhi e travamos a maior batalha de todos os tempos com os motoristas de rickshaw. Mas baia a gente não aumento o preço. Vencemos. Pelo menos a gente acha que vence né? O importante é ser feliz. Mais um banho. Mais água rosa no chão. Roupas de molho no balde. Cama pelo amor de Deus.
No outro dia, da faxineira ao chefão, todos com algum vestígio de tinta. Aqui na TCS como só tem 2 estrangeiros no prédio todo mundo é moreno de cabelo escuro e ninguém tava de cabelo rosa. Mas no escritório de Mumbai me disseram que tava bem engraçado. Lá tem mais estrangeiro. Meu coordenador tinha tinta na orelha que eu acho que ele ainda não viu kkkk. Um dia com uma coceirinha de leve por causa da tinta. E agora já todos recuperados.

Aviso aos navegantes: ano que vem vou comemorar Holi ai no Brasil....certeza.