domingo, 16 de janeiro de 2011

Nepal - à caminnho do himalayas

olha que tristeza...esse post foi escrito em novembro aff....mas a falta de tempo foi tanta que só agora numa noite tranquila em kuala Lumpur que consegui publicar....último dia do meu michilão. Amanhã de volta a minha Incredible India

24 de Novembro – AC se aposentou de vez, ventilador e edredon de volta

Chegou a hora de conhecer outro país. Lá fui eu arrumar minhas malas dessa vez rumo ao Nepal. Saímos eu, Luis e Marek de Delhi pela manhã e encontraríamos O Ricardo (trainee da TCS em Mumbai) em Kathmandu.
Eu que já não tava com a saúde lá essas coisas vi que a cólica que eu tava sentindo não ia passar tão fácil. Dai lá se vou eu tentar explicar pro farmacêutico em mímica que eu precisava de um analgésico tipo dose cavalar. O remédio não fez nem cosquinha e eu já tava ficando de mal humor.
O vôo se atrasou porque Kathmandu estava sem teto. Aquilo só foi aumento a curiosidade pra ver as montanhas. Assim que decolamos e nos aproximamos a beleza natural do país se mostrava na janela do avião. Impressionante.
Leve confusão na imigração e outra confusão com taxis e hotéis. Tudo ajeitado partimos pra ver a cidade. Fomos tomar café numa padaria alemã. Nossa me joguei no pão. Nunca pensei que pão francês fizesse tanta falta. Eu virei freguesa da padaria e ia lá todos os dias que passeei em Kathmandu.
A cidade, mesmo sendo a capital do país, parece uma vila no interior do interior de Minas. Fomos em duas praças durante o dia. As construções são lindas, super simples e bem antigas. A tentativa de modernidade se junta com a arquitetura de séculos atrás. Assim como na Índia, muitas vacas e cachorros na rua. Na verdade, no geral, o Nepal tem alguma semelhança com a Índia, mas existe algo diferente no ar. As coisas parecem ser mais calmas, os nepaleses com seus lindos olhinhos puxadinhos, tem uma carinha de inocência e tranqüilidade. Por todo canto que vamos estamos ao som de Om Mani Padme Hum, uma oração budista que assim como todos os mantras é cantada e repetida over and over again. Toda lojinha de CD toca e a gente se pega cantando da música o tempo todo. Depois de ver alguns lugares e tentar planejar um roteiro mais concreto resolvi trocar minha passagem de volta e ficar mais 2 dias no Nepal. Tava tudo uma bagunça na empresa, eu tava meio em troca de supervisor, entonces resolvi fingir de boba. Ooops.
Ao final do dia eu já estava em ponto de enlouquecer de dor. Já faziam 24 horas que a dor estava forte e constante. Estamos na praça principal da cidade (Durba Square) e percebemos que, pelo menos aquela parte da cidade não tem iluminação pública (de novo: capitalll do país hehe). No meio daquela escuridão as velas nas oferendas faziam força pra trazer a luz. Mas eu me rendi, voltei para a guesthouse pra tentar dormir e deixar áquela dor pra trás.
No outro dia eu estava melhor, pronta pra turistar. Daí sim voltamos à Burba Square e vimos a beleza do lugar. Tiramos mil fotos dos prédios antigos, fizemos comprinhas, paradinha pra tomar uma cervejinha, que até eu tomei, recomendo: cerveja Everest. A tarde seguimos pra interminável escadaria para uma das estupas (monumento budista) da cidade. Lá deu pra ver um pouquinho da vida de um monge. Chegamos lá na hora do almoço. Alguns monges sentados sendo servidos por duas crianças, que devem estar lá para serem monges também. A cada troca de prato uma reza cantada sempre a voz bem grave como em todas as orações budistas. Dois monges tocavam um instrumento que parecia um tubo gigante.
Descemos da estupa, que tem uma vista incrível da cidade, e fomos jantar e experimentar a vida noturna de Kathmandu, que é bem diferente da de Delhi. Muitos bares para tomar cerveja e música ao vivo. Foi até difícil escolher. Pro jantar o que a gente ia passar a comer todos os dias por lá: bifeeeee. Eu não sinto tanta falta de carne de vaca, mas sempre que tenho uma chance eu como. Estou curiosa pra saber como vai ser minha reação na volta ao Brasil. Estava vivendo bem com franguinho às vezes o paneer (queijo) e até passei mal quando me aventurei na carne vermelha. Confesso que agora quando como sinto que tô comendo um defunto, mas ainda gosto e não vou parar de comer. Reduzirei o consumo com certeza.
Pela manhã do dia seguinte fomos para Pokara (que eu insistia de chamar de pakora, um tipo de fritura indiana). Esta é uma cidadezinha que à 5 horas de Kathmandu. Por lá a gente iria se aventurar num trekking. Rodamos a cidade, voltinha de barco pra mais uma estupa com escadaria interminável, muita barganha com o trekking e cama.
Novamente cedinho (vida de viajante não é fácil), começamos a caminhada rumo ao topo de Pachasse, montanha com 2.500 metros. Como só tínhamos 2 dias essa foi a maior escalada que deu pra fazer. Eu bem queria ter ido pro campo base do Everest, mas fica super fora de mão, demora no mínimo 16 dias e convenhamos eu ia precisar treinar mais um pouquinho pra isso.
Caminhada pesada, subida exigente, visual maravilhoso, guia que dava vontade de apertar a bochecha. Ele mal falava inglês e falava que nem criança. Era super atencioso, mas subia rápido demais. Tá achando que sou atleta querido? Calma ai né?
Passamos por algumas vilas e descobri o verdadeiro sentido da expressão “no meio de lugar nenhum”. A gente tava ali reclamando do peso da mochila e da subida brusca e os nativos passando ao nosso lado, praticamente correndo montanha acima, levando no mínimo um 20 kg de arroz nas costas. Os mais velhos tem as costas deformadas por passarem a vida toda carregando aquele peso. Absolutamente nada em volta. Eles colhem o arroz e secam e uma pessoa é responsável por levar pra cidade e vender.
Seis horas de subida, uma caminha com outras 4 pessoas, mas uma verdadeira viagem dentro de mim mesma. Como ninguém tinha preparo físico suficiente pra subir na velocidade necessária e conversar, seguimos calados e pensativos. Aquele visual era simplesmente inspirador. Aquelas vilas, aquelas pessoas, o estilo de vida delas….não tinha como não pensar no ritmo acelerado em que a gente vive. Além disso, acho que esforço físico intenso também sempre me faz pensar no meu corpo, na minha força física e psicológica, na minha motivação, dai viajo na batatinha e começo a pensar na forma em que levo a vida. Tudo isso acompanhado de uma sensação de que meu pulmão tava queimando. Nota mental: fazer a bendita cirurgia de desvio de septo antes de inventar uma outra loucurinha dessas.
Ao final do dia chegamos ao topo. O calor que eu tava sentindo e me fazendo suar deu lugar instantâneo ao frio. Lá estava eu no meio dos Himalayas. Rodeada por tantas montanhas gigantes deu pra ver como eu sou pequena no meio desse mundão. Aff como nossos problemas são minúsculos. Prezando muito respeito à natureza deixamos o topo de Pachasse e fomos pro hotel, ou pouso, que tem no meio da montanha especialmente para os escaladores. Mesmo com aquele frio tudo que eu queria era uma banho. Daí o banho é assim: você sobe um montinho e entra numa casinha e toma banho de balde. Ok, vamo que vamo. Por 100 rupias eles esquentam seu balde. To no quarto esperando e vem a nepalesa: madam run, water hot, go cold. Come, come. Ai sai eu correndo pro montinho (e Ricardo junto pra me ajudar e me vigiar no meio daquela escuridão). A nepalesa na frente com o balde de água. Entrei na casinha que não me cabia em pé. Daí me dei conta que lá tava eu agachada, nua no meio dos himalayas tomando banho com um balde de água esquentado na lenha, tava frio não...bobagem. Vesti todas as roupas da minha mala e fomos jantar. Depois no deitamos pra ver as estrelas. Nós ali, à 2.500 metros, rodeados de cidades que não tem iluminação pública, que não são poluídas, ou seja, o céu mais incrível que já vi na vida. Milhões de estrelas. Minutos depois eis que surgi a via láctea. Nossa, espero nunca esquecer aquele céu maravilhoso que encheu meus olhos de luz e espero que todos os meus desejos feitos pras dezenas de estelas cadentes que eu vi se realizem. Era tanta estrela cadente que já nem tinha nada pra pedir pra mim comecei a pedir pros outros. Amigos e família..queridos que sinto tanta falta.
No outro dia a descida. Nossa meu calcanhar doeu por dias. Nota mental: não faça trekking com tênis de corrida, na descida você corre certo risco de descer rolando. Depois de horas de descidas vi que ainda estávamos no meio. Aff. “Neeraj, can we jump from here?” “No jump, madam” “Can we role down? Like a ball?” “Ball? (olhar confuso) No ball no poxible!” Ai que vontade de apertar a bochecha. Tudo dos nepaleses é poxible ou no poxible hehehe. Bom já que não tinha jeito, vamo que vamo. Chegamos num ponto de ônibus e terminamos a descida motorizados. A estrada pela qual passamos é a mesma que os locais usam pra ir vender o arroz. Durante parte do ano essa estrada fica alagada, ou seja, eles ficam ilhados. Aaaaa.
No dia seguinte, voltei pra Kathmandu com o Ricardo e os outros seguiram o caminho da volta por terra que eles iriam fazer.
Na volta um bendito de um engarrafamento...demoramos horas pra chegar. Nem deu pra fazer mais nada nesse dia.
Último dia de Kathmandu, fomos pra uma cidadezinha ao lado. Fomos pra um ponto da cidade de onde saem as vans. Dai saímos perguntando: Patan? Patan? E ninguém entendia nada. Por fim algum bendito homem entendeu e nos enfiamos numa van com os monages. Na cidade outra Durba Square. Mais incrível ainda, porque era maior em bem mais conservada. Os locais secando arroz na porta de casa, tudo bem provinciano.
Pra fazer comprinhas eu desenvolvi uma nova técnica de barganha. Você tem que fazer o povo rir. Tocava música indiana lá saia eu dançando...e eles achando o máximo. Dai acrescenta a técnica de deixar as pessoas confusas e pronto...ótimas barganhas.
Na volta, mais confusão pra achar a van. Dessa vez fui sozinha porque Ricardo tinha mais tempo. Kathmandu? Kathmandu? Eu lá no meio daquelas ruas loucas, cheias de gente, carros, motos, vacas. Me enfiei em outra van e fui. Parada deliciosa na padaria alemã e rumo ao aeroporto. Era o fim da minha viagem ao incrível Nepal.
Como foi lindo ver aquelas paisagens, aquela grandiosidade, aquela simplicidade, aqueles olhinhos, aquela cerveja do Everst hehe, aquela fé, as vozes grossas entoando as orações. Muita paz.

Om Mani Padme Hum

4 comentários:

  1. Aaah...que delicia ler seus posts de novo! Mais garantia de boas risadas ao imaginar vc com sua nova técnica de barganha. Espero que tenha sobrado pelo menos 1 estrelinha pra mim hehehehe...
    Faltou umas fotinhas, mas a imaginação foi longe com suas descrições... Bjuuus. Morro de saudades e aproveite seus ultimos dias nessa Incrível Ásia =)

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  2. Aiiiii I know Babi...mas é que eu tô na estrada...tô sem fotos aqui, mas quando eu voltar acrescento fotos e um videozinhoooo....
    bjos

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  3. Bom Dia.



    Meu nome é Klaibson e sou responsável pelo blog www.canadaofficial.ws, um blog que trará informações úteis sobre o Canadá e mostraria meu dia-a-dia no Canadá.



    Caso tenha interesse na troca de links, para melhorar o rankeamento no Google, me responda este email.



    Boa semana.

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  4. Ola Leticia, estive a ler todo o teu blog e acho que estás a ter uma experiência espectacular :D
    Também eu sou um EP da AIESEC de Portugal e quero me aventurar pelas terras da Índia, mas tenho uma pequena questão que é sobre o custo de vida em Délhi. Quanto você gasta mais ou menos por mês aí (em dolar ou reais)?
    Um imenso obrigado e espero que veja este comentário :D
    Muita sorte e continuação de uma óptima experiência ;D

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