domingo, 21 de fevereiro de 2010

Amritsar


16 de fevereiro – sem carnaval – blusa, short e 3 cobertores

Esse final de semana a família Kalkaji B toda (menos o Matt) e mais dois trainees de Kalkaji N partiram para Amritsar em Punjabi. Dez pessoas e eu pensando: esse trem não presta. Maior aventura pra sair do trabalho mais cedo e conseguir pegar o trem a tempo. Rickshaw até a estação de metro - metro - rickshaw de novo pra chegar em casa. Uma hora e meia e muitas rúpias depois cheguei tomei um banho rápido fechei a mala e vamo que vamo. Saímos com antecedência porque dia 12 é um dia auspicioso (e eles usam essa palavra mesmo...segurei pra não rir) para casamentos e casamentos na Índia geram engarrafamento. No trânsito, aquele desespero de não conseguir chegar e não vi nenhum casamento. Duas pessoas já estavam esperando a gente lá e tava difícil de achar. Fomos correndo pra plataforma e o trem tava atrasado por 1h. Decidimos ir pro restaurante da estação, surpreendentemente legal. 1h depois o trem foi atrasado por mais 1h. Fizemos uma roda de malas e sentamos em cima. Baralho. Observando o Asian Army (dois japoneses e um chinês que sempre ficam juntos) conversando. Adoro ver eles conversando, não sei porque. Deve ser porque o louco do Satoshi tá no meio. Quando voltar eu imito ele pra vocês hehehe. O trem finalmente foi anunciado, mas ainda esperamos um pouco na plataforma. De 10 em 10 min ele era atrasado mais 10 min. 2 horas e meia depois estávamos partindo a caminho de Amritsar. Durante esse tempo todo eu me perguntava se devia voltar pra casa. Tava com um resfriado e começando a ter sintomas de rinite alérgica. Mas não é que isso veio a calhar. Meu nariz tava entupido e não senti nenhum cheiro durante a jornada. O povo reclamou que o trem tava fedendo muito e que a estrada fedia mais ainda. Além disso tava com o olho pesado, sonolenta, dormi incrivelmente bem. Nem passei frio dessa vez. Chegamos lá atrasados e famintos e fomos pro hotel, reservamos um taxi pra nos levar à fronteira com o Paquistão e fomos almoçar. Depois de ter comido o melhor sorvete da vida em Viena (e não na Itália) comi o melhor brownie com sorvete da vida em Amritsar (e não nos EUA). Dai saímos correndo de jeep pra fronteira. O objetivo era ver a troca da guarda e a abertura do portão para que os países se cumprimentem. Chegamos lá e segurança bruta, revista, soldados armados até os dentes. As mulheres em fila separada e revistadas atrás de um tapume (isso acontece em todo lugar inclusive em baladas). Deve ter tapume pra ninguém ver a boa revistada que as militares fazem na gente principalmente na região peitoral. Passamos na guarda e fomos pra uma fila especial para estrangeiros. No local arquibancadas, a unidade do exército e o portão da fronteira. As arquibancadas ficam cheias de indianos que descem pro meu da rua pra dançar quando toca uma musica que eles gostam (todas) mostrando que povo feliz eles são pros paquistaneses. Do outro lado do portão a mesma coisa. Ai começa a troca de guarda. Chega um animador de platéia puxando uns gritos e pedindo pro povo gritar mais alto pra mostrar por outro lado. Dai ele leva o microfone pra um dos oficiais que começa a dar uns gritos, enquanto o oficial do Paquistão faz o mesmo. O objetivo é dar um grito grave e manter atté perder o fôlego (tipo competindo um lado com o outro). A cada dois gritos dois guardas saem e vão marchando até o portão, só que eles saem meio correndo e dão um chute levantando a perna até quase o nariz, haja flexibilidade. Ai vão marchando bem rápido fazendo cara de mal e quando chegam ao portão fazer uma coreografia com movimentos bem bruscos pra fazer medo no soldado do outro lado que tem coreografia bem parecida. A diferença é que no lado paquistanês eles balançam a cabeça de um jeito a valorizar o tipo de chapéu de eles usam. Ficam parecendo galos. (hum que vontade de ir no Mineirão) Ai ficam de frente uns pros outros e arrumam o chapéu fazendo um movimento com os braços tipo: olha como minha farda e mais bonita que a sua. Dai se viram de costas dão outro chutão e voltam . Trocam as bandeiras, a galera grita mais, o soldado grita mais, mais chutes e coreografias. Uma experiência antropológica. Saindo de lá fomos jantar numa Dabha Punjabi (restaurante típico, um pouco diferente da Dabha Mogol que a gente freqüenta em Delhi) e compramos bebidas pra levar por hotel Dessa vez não era dry day. Aff.
No dia seguinte acordamos tarde. Ninguém lembrou de colocar o celular pra despertar. Fomos tomar café correndo e fomos pro Golden Temple. O dia já começou atravessado no quesito comida. O café da manhã foi péssimo. Chegamos no templo e tava lotado. Entramos na fila que ia demorar umas 2h no mínimo. Em 15 min desistimos. Não íamos ter tempo. Fomos pra outra parte do templo e um Sikh veio perguntar se a gente tinha conseguido entrar porque ele tinha passe para estrangeiros. Era a segunda vez que a gente se aproveitava do fato de sermos estrangeiros. Furamos aquela fila enorme e me senti péssimaaa. Mas a gente não tinha tempo para esperar e ia ser o fim do mundo ir embora sem entrar no Golden Temple em si. Entramos e foi uma experiência inacreditável. Dentro do tempo ficam alguns músicos tocando uma música que quase te leva ao transe se você parar pra sentir. O templo é maravilhoso por dentro. Enquanto todo mundo saiu eu e Bea ficamos pra meditar um pouco. Mesmo não sabendo o que fazer e me sentindo um pouco infringindo leis tinha que me sentar e sentir aquela energia. Foi muito bom. A dor de cabeça foi embora. Quando saímos um outro Sikh veio conversar com a gente e explicar um pouco a história do templo e da religião Sikh muito comum no Punjabi. O Golden temple é o principal templo do Sikhsmo e foi construído pelo quarto guru dos sikhs. Os praticantes dessa religião podem ser reconhecidos pelos 5 elementos que eles usam. Turbante (pra proteger o computador kkkk), barba e cabelos longos, adaga (para proteção pessoal e para ajudar quem precisa), pulseira de prata usada na mão direita (que é a mão que faz tudo) e cueca larga (?????? Não quis perguntar pro tiozinho porque?) Fomos convidados pra tomar chai com eles. Parecia ótimo, mas tinha alguma coisa estranha com o leite que eu sabia que ia me fazer mal. Comemos uma comida muito pesada também, que no momento tava boa, mas depois…ui. Nesse templo eles oferecem comida e acomodação de graça (leia um teto e dormir no chão) para os peregrinos. Saímos correndo de volta pro hotel, demos uma olhada no bazar em volta e fomos pro estação de trem. Saímos na hora, mas a viagem de volta foi horrível. Meu nariz não estava mais entupido e comecei a me sentir mal por causa da comida. Depois de longas horas cheguei em casa tomei banho e fui trabalhar….eta vida Severina hehe.
A viagem foi corrida e vimos poucas coisas, mas aquele templo vai ficar na memória pra sempre.

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