quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Jaipur e Jodhpur



3 de fevereiro - 1 blusa e 3 cobertores

No meu primeiro final de semana em Delhi já estava planejando pegar estrada. Juro que nem foi culpa minha, mas todos da minha casa iam viajar. Para os que moram em Delhi viajar no final de semana é quase lei. Aqui no norte temos 3 estados bem famosos: Rajasthan, Punjab e Utter Pradesh. Tem uma concentração enorme de cidades interessantes relativamente perto. Algumas são 12 horas de distância, meio longinho, mas rola. 12h, mas são tipo 600 a 700km...triste hehe.
Primeiro destino: Jaipur. A cidade é bem famosa e faz parte do triângulo do norte da Índia (Agra, onde fica o Taj Mahal, Jaipur e Delhi). Como as passagens de trem estavam esgotadas fomos de ônibus. Fui bem jacu com cobertor na mala e tudo. Não tava afim de congelar durante as 6 horas de viagem madrugada adentro. A expectativa pra ver o ônibus era grande. Mas foi tudo normal, igual no Brasil. Duas das meninas que iam com a gente ainda não tinham chegado, o motorista ligou o ônibus...ai meu deus..peraí moço. E a gente já pensando em descer no ônibus pra dar mais uma enrolada. Dai chegam as duas correndo. O motorista do rickshaw obviamente parou no lugar errado. Todo mundo presente. Vamo que vamo. Chegamos em Jaipur antes de amanhecer então fizemos uma horinha no restaurante da rodoviária. Quando decidimos sair pra procurar um hotel fomos atacados por motoristas de rickshaw querendo levar a gente "pra um bom hotel". Todos eles ganham comissões em hotéis e lojas, um saco fugir deles. Achamos um lugar legalzinho e fomos tomar café da manhã num restaurante com terraço. A Bea e afixada por restaurantes no terraço. Eu até entendo porque a temperatura em Jaipur tava bem mais alta com direito a sol. Pegar um solzinho nos fez muito bem. Dai mais acordos com os motoristas de rickshaw...precisamos de dois...dai combina preço, descombina, o cara fala um preço e você diz que paga a metade, por mais algumas rúpias você espera a gente e nos leva pra outro lugar. Ok Baia? (Baia e tipo amigo em hindi) Ok. Então vamos pro Amber Fort. Amber é uma cidadezinha dentro de Jaipur que foi construída pelo Maharaja. O forte é lindo e cheio de encantador de cobras. Deus que me livre guarde. Odeio cobra. Você paga umas 200 rupias (tipo R$ 8,00) e senta com o cara, coloca a cobra no pescoço enquanto ele toca a musiquinha (que eu adoooro, instrumentos muito legais e diferentes) Bom passei longe, mas agora já me decidi que vou vencer esse medo e antes de ir embora vou dançar com uma cobra. Sem pressa gente eu ainda tenho 11 meses. No forte pegamos um guia pra contar as histórias de lá pra gente. Provavelmente escutamos umas boas mentiras, mas o cara é barato e a gente se diverte. No meio de uma explicação lá vem um indiano falando um inglês macarrônico. Entendemos que ele queira que a gente tirasse uma foto dele e da esposa. Mas não. A esposa queria tirar foto com a gente. Nossa aquele tanto de firange junto...atração turística na certa. Dai comecei a reparar que realmente as pessoas ficam olhando pra gente, dando tchauzinho, estendendo a mão. As crianças então adoram. Todas falam Hello e quem sabe pergunta: What's your name? O último Maharaja que morou lá teve 12 esposas. A preferida era a Rainha principal e usava uma roupa diferente em ocasiões especiais que pesavam 50kg. Como a coitada não aguentava o peso usava uma cadeira de rodas. Que coisa não? Isso explica a quantidade de rampas. Lá moravam as 12 esposas e como a vida era bem chata elas levavam as amigas pra morar junto, eram as concubinas. No total eram 200 mulheres no forte. Isso só pode dar merda. As esposas não podiam sair do palácio, salvo quando iam pra outro palácio, então as concubinas faziam as compras pra elas. As esposas também não podiam se encontrar no palácio a não ser que fosse no pátio das mulheres e com o Maharaja vigiando por uma varanda que só ele tinha acesso. As janelas do palácio são todas cobertas por um emaranhado (vide foto pela incapacidade da mocinha aqui de explicar como as janelas são) que permitiam uma visão bem limitada para fora do palácio e visão bloqueada para dentro. Isso pra que ninguém visse as mulheres e para que elas não vissem bem as coisas lá de fora. Em alguns palácios os buraquinhos das janelas estão direcionados para baixo, permitindo uma visão da rua e das lojas mesmo nos andares mais altos. No meio do forte tem a sala de reuniões. Só os homens podiam ir para essas salas e as mulheres ficavam observando de longe através da janelas com visão reduzida. Em outro canto a sala de dança e o jardim das mulheres. Parte desse forte ainda pertence ao atual Maharaja então não podemos ver os aposentos. De lá vi meu primeiro elefante. Ah bonitinho demais. Voltamos pra cidade à caça de um restaurante que parece confiável. Ninguém afim de passar mal. Dai mais negociações com rickshaw dessa vez sem muito sucesso então inventamos de pegar uma carroça. Fui na parte de trás e nunca me senti tão vulnerável com aquele tanto de carro, rickshaw, ônibus e caminhão, todos loucos para tirar a carroça da frente. O povo de bicicleta chegava bem perto e se divertia com a cara de turistas bestas assustadas e se divertindo horrores que eu e Bea fazíamos. Povo tirando foto da gente e a gente fazendo vídeo. Hello! Where are you from? Welcome to Índia! Sobrevivemos. Mais palácio, museu, comprinhas. Como vou ficar aqui mais de 180 dias tenho que me registrar na imigração. Isso me faz uma cidadã indiana. Are baba. Dai eu pago menos pra entrar nos lugares turísticos. A diferença às vezes é gritante tipo de 250 pra 10 rupias. A noite fomos para uma vila bem turisticazinha na verdade, mas bonitinha. Dai tivemos um jantar tradicional do Rajasthan. sentamos no chão e nem uma vaga lembrança de talheres. Não gostei muito da comida e misturavam coisa doces com salgadas, mas sobrevivi. Demos uma voltinha de elefante hehe. Adorei. Noite bem relax. Nem sombra de baladas ou barzinhos e vamos confessar a gente tava pior que um bando de velinhos. No outro dia mais lugares turísticos dentre eles Jantar Mantar, que é tipo um laboratório astronômico enorme construído pelo Maharaja que fez a cidade. Ele era um astrônomo muito famoso. O trem cheio de construções grandinhas, tipo relógio solar super preciso, coisas para ver a posição das estrelas e por aí vai. Visita ao Mawa Mahal, palácio simplesmente lindo. Depois busão de volta para casa. Lá se foi nosso solzinho.
Antes de sair de BH meu pai me falou:" Vai achar sua mãe na Índia." Na hora não entendi muito. Ela veio aqui há uns 25 anos atrás. Não sei se fiquei impressionada com o que meu pai falou, mas a questão é que aqui me sinto mais próxima dela. Uma engraçada sensação de estar vendo as coisas através dos olhos dela. É ótimo ver as coisas que via nas fotos. Tudo parecia tão distante agora tão perto.

Depois primeiro final de semana em Delhi. Ai finalmente vou conseguir ver a cidade direito. Os rickshaws daqui são mais altos então minha visão se ampliou hehe. A cidade é o oposto do que estamos acostumados a ver. O centro é calmo e os bairros são loucamente cheios. Umas turistadinhas com a Mari Moura. Mas vou falar disso um pouco mais em um outro post.

Vamos pro fim de semana passado em que, novamente, todos iam viajar. Dai lá se vai eu também. Pra Jodhpur. A cidade é menorzinha e não tinha muita coisa pra ver. Bem suja com um mercado louco, cheia de ruelas.A cidade é conhecida como cidade azul. (ah esqueci de falar que Jaipur e a cidade rosa). A maioria das casas são pintadas de azul porque a cor espanta mosquitos. E eu crente que era algo espiritual. Bom espero que dê certo porque no verão lá faz 45 a 50 graus...com mosquitos uiui que dureza. Bom, em Delhi não vai ser diferente hehe. Dessa vez fizemos a viagem de trem. O famoso trem da India. E bem estranho mesmo. Pegamos um vagão que tem camas. Uma em cima presa no teto e uma em baixo nos dois lados. Uai mas não eram 6 camas? Então...o encosto da cama debaixo vira a cama do meio. Ui que aperto. Mas depois que você deita tá de boa. Se você conseguir dormir mesmo com um cara gritando: Chaieeeeeeeeee...Chaieeeeeeeee chega de viagem novo. 12 horas depois estávamos lá. Fomos visitar o forte da cidade. Esse povo adora forte hehe. Ainda mais lindo e maior que o de Jaipur. Na subida uma vista muito legal ao som de uma música que parecia permear a cidade toda. Dessa vez deu pra ver alguns aposentos porque o Maharaja mora com mais 4 membros de sua pequena família em outro palácio com 200 cômodos. Mas calma. Ele vendeu parte do palácio para o grupo Tata (by the way não tem desconto pra funcionário...achei chato isso. Mas cá entre nós acho que nem com 90% de desconto eu conseguia pagar a estadia na Cadeia The Taj hehe) e ficou com só 50 aposentos pra ele. Dai fomos almoçar e a cena mais engraçada do dia: um menininho lambendo cal da parede. A gente ficou olhando e ele levantou o rosto todo sujo de cal. Ai que pinóia do moleque hehe. Ele nem ligou pra gente e continuou lambendo. Ah mas tá bom, ele precisa desenvolver resistência à bactérias e cal deve ter cálcio né? De lá fomos pra Clock Tower e o mercado de temperos e bugigangas em geral. Fizemos umas comprinhas, ganhei um pingente em formato de Ganesha e fomos jantar. Aqui a gente era mais atração que em Jaipur. As crianças seguem a gente dando tchau. No outro dia visitamos um crematório maravilhoso com uma vista linda da cidade e depois um jardim que estava sendo reformado. Foi interessante para ver como e a vida dominical do povo de lá. Domingo no parque, os homens jogando críquete, paixão nacional, e as mulheres jogando um outro jogo parecido com peteca, uns vendedores de picolé (quase morri de vontade, mas não tive coragem hehe. Aqui pra comer picolé só se for Mother Dairy ou da Kibon que tem outro nome que não me recordo - agora de arrepende de não ter tirado foto de todos os diferentes nomes que a Kibon tem enquanto eu viajava pela Europa. Até aqui tem. Da quase a coleção de colgate que eu queria fazer kkkk, achei ate em árabe). Depois lonnngo almoço pra tomar um solzinho, claro num restaurante com terraço. Viajando com essas pessoas me viciei em Lassi (bebida de fruta com iogurte - só não gosto quando eles inventam de por sal no trem. Por quê?????) e em comer em restaurantes com terraço. Café da manhã e almoço com sol por favor. Trem de volta pra Delhi. Dessa vez dormi direito, mas por um bom tempo fiz muita força pra não matar o fulaninho do Chaieeeeeeeeeeee. Chaieeeeeeeee.


Essa semana fiz 1 mês de Incredible India e arranquei a primeira folhinha do calendário argentino que a Vivi me deu. E Vamo que vamo gente.

2 comentários:

  1. Tenho que aprender a colocar foto direito kkk

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  2. Passo mal com seus posts. Vontade IMENSA d estar aí tb!
    Saudades, BIOOOOOOTCHHHH.
    Bjossss

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