quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Primeiras confusões

Bom depois de um rápido e-mail só pra dizer que estava viva e tinha chegado bem, e na verdade nem todos receberam, resolvi parar para escrever minhas primeiras impressões sobre a Índia.
Cheguei em Mumbai as 2 da matina depois de 3 aviões, 4 aeroportos, 4 filmes e 5 amigos pelo caminho. Dois dias inteiros entre aviões e aeroportos. Uiui. Como de se esperar ninguém da AIESEC apareceu por lá. Mas bem, liguei para uma trainee que se ofereceu pra me buscar e 20 minutos depois ela estava lá toda sorridente. Demoramos uma hora pra achar onde era o apartamento da TCS. Primeiro impacto: aqui os endereços são completamente loucos e nenhum motorista sabe se orientar direito (primeiro ponto em comum entre Índia e eu). Imagina se você quer chegar na minha casa (pros que sabem onde eu morava em BH) assim: Avenida do Contorno edifício Marcelo Costa AP 305, e se você tiver sorte alguém te avisou que é perto do rei do pastel. Difícil né? Mas depois de tanto perguntar chegamos. O AP é bem legal e fiquei sozinha por duas noites até que chegou uma trainee da Rússia. Demorei 2 dias pra entender o nome da criatura. Aygul. Só depois que eu vi escrito no crachá dela me arrisquei a chamá-la pelo nome. O AP tem 3 quartos para duas pessoas, que nem sempre estão cheios, e 5 empregados. Ainda não consegui entender bem qual é a dos empregados. Eles ficam zanzando em outros aps (o prédio é todo da TCS). Fixo mesmo só um faxineiro/mordomo e um cozinheiro. Dai os outros aparecem e nos servem também. Temos café da manhã, almoço e jantar, só pedir que eles fazem, mas já ouvi que rola uma continha no final da estadia hehe.
Depois de dormir um bocado pra não deixar o jetleg me matar no reveillon peguei um rickshaw e rezei pro bendito homem me deixar no lugar certo. Como sempre o motorista não sabia onde era o endereço. Cheguei na casa da trainee que me recebeu no aeroporto (Nihan da Turquia) para a festinha de Ano Novo que ela ia dar com o pessoal que não viajou. Primeiro acesso a internet, ligação pros parentes e e-mail da Mari Moura (da AIESEC BH) dizendo que estava em Mumbai. Ela acabou aparecendo por lá. Foi ótimo vê-la logo de cara. A festinha foi meio parada, mas as pessoas eram legais. Eu também tava meio cansada então nem me importei muito. Como a festa acabou tarde e eu não tava afim de me aventurar sozinha com outro rickshaw dormi na casa da Nihan. No dia seguinte fui dar umas voltas com ela e mais outras duas pessoas que conheci na festa (uma turca e um indiano. Mais pra frente fui descobrir que os dois estão morando juntos escondidos da família dele, que é super tradicional e não aceita uma firange estrangeira kkkkkk). Me mostraram a parte turírstica da cidade e como me virar no bendito trem de Mumbai. No final de semana tudo bem, mas na hora do rush Deus nos acuda ou Ganesha. O trem tem capacidade para 1.700 pessoas, porém na hora do rush (8h as 11h e 18h as 23h, tipo a hora que você precisa do trem mesmo) andam cerca de 7.000. Sentiu o aperto ai?
Nesse dia pude finalmente ver a cidade de dia e fora do rickshaw (como eu sou uma pessoa gigantesca por aqui meu campo de visão fica totalmente restrito tanto no rickshaw como no Taxi). A visão é totalmente diferente de qualquer coisa que eu poderia imaginar. Tem pobreza por todo canto. Gente, muita gente na rua atravessando a de qualquer jeito. Rickshaws loucos por todos os lados. Totalmente caótico, mas desde o início achei divertido. É impressionante ver como esse povo consegue sobreviver. Realmente existe certa ordem no caos. Pra atravessar a rua então, aff. Mas agora já to esperta hehe. No meio dos prédios grandes e com fachadas arrumadinhas, sempre tem uns barracos, mesmo nas áreas mais nobres da cidade.
No outro dia, fui dar umas voltas com a Mari e o amigo dela Alex e já começamos a dar as primeiras cabeças de turistas bobos. Andamos que nem loucos pra ver um templo e depois pegamos um ônibus eterno que demorou duas horas no trajeto. Mas teve bom.
Domingo fui pra uma ilha para ver umas cavernas com templos para os deuses, especialmente Lord Shiva. Essas cavernas, onde moravam as pessoas da época, são datadas de 450 a 750 AD. Muito legal o passeio. Na ida, quase chegando na ilha, o motor do barco esquentou, aquele fumassé saindo no chão do barco. Ai que legal. Todos que trabalhavam no barco empenhados pra concertar o motor e esqueceram de olhar pra onde o barco estava indo. Como estávamos perto do porto..BUM…batemos num barco atracado. Depois de navegar uma hora naquele mar limpo de meu Deus eu só pensava: “Ai minha nossa senhora da bicicleinha não quero morrer nessa água. Eu ainda não assinei contrato, ainda não tenho seguro.” A turca e o indiano rachando de rir de mim. No fim deu tudo certo, batemos de leve, em dois segundos a policia estava lá e fomos pro outro barco e já descemos pra ilha. Todos se salvaram hehe. Na subida pra caverna vi toda a decoração indiana que minha mãe comprou aqui há uns 25 anos atrás. Muito legal. Já eu não comprei nada porque vou esperar o primeiro salário entrar . Na volta, ao som de Monobloco, tudo correu bem. Jantar e trem de novo. Pega ticket, marca o ticket, entra no vagão só de mulheres (aqui os vagões são separados) competindo por um lugar pra sentar (ai minha filha vai brigar comigo? Olha meu tamanho kkkk.). As mulheres em sua grande maioria usam roupas típicas. Algumas moças mais jovens usam jeans e camiseta, mas de resto todas usam Sari e Chudidar (uma calça mais justa com uma bata e um lenço. Bem igual a novela pros que ficavam criticando hehe). Aqui em Mumbai to podendo usar minhas roupas sem problemas, mas acho que em Delhi vou ter que fazer umas comprinhas indianas. Nem to muito feliz com isso não. Vamos ver. Já os homens usam calça social e camisa. Uns mais arrumados e outros mais estilo Agostinho Carrara. Uma gracinha hehehe.
Dai a mamata acaba, primeiro dia na TCS. Mas já descubro que a primeira semana será só papeladas e dois dias de treinamentos que duram somente 3 horas. Minha tarefa de terça era tirar uma foto kkkk. Pra entrar na TCS temos que passar por uns mil seguranças, no câmeras, no pen-drive, detector de metal.
Hoje tivemos treinamento em outro prédio, segurança pra lá, portaria pra cá, ID, assina 3 listas e enfim o treinamento. Passaram a história toda da família Tata e a importância que ela tem pra economia da Índia. Depois almoço na cantina, novamente sem ter idéia do que estou comendo. Tava pegando bem leve com a comida, pra ir me acostumando com o tempero. Agora já estou me aventurando um pouco. Dei sorte hoje, nada apimentado. Dai cineminha pra relaxar. Fomos eu a Russa. Em Mumbai veja um filme de Bollywood. Pegamos um rickshaw e dessa vez o motorista era doido, na verdade ruim porque doidos todos são. Quase 5 acidentes e 2 batidinhas de verdade, mas normal ninguém nem sai do carro hehe. Tickets com acentos marcados. Quando fui mostrar o ticket pro lanterninha, ele me pede pra ficar quieta. Todos do cinema se levantam. E na tela o hino nacional. Gente que coisa não? Me segurei pra não rir. Um videozinho mais brega com um povo cantando o hino. Ai sim o lanterninha me mostra onde eu sento. O filme era ótimo, mas em Híndi, ai já viu né? E no meio do filme sempre rolam umas músicas e as famosas dançcas dos filmes indianos. Muito engraçado. Peguei só o geral. 1:30 depois intervalo. Todos saem para comer e voltam pra mais 1:30 de filme….ai que piada. Saímos e pegamos outro rickshaw. Passamos por um lado bem legal da cidade, cheio de lojas de sari. E quem disse que a vida não tem trilha sonora? Depois de achar que estavam nos atacando (ouvi duas batidas) começa uma música no rickshaw. O cara tinha um super sound system kkk. Recém saídas de Bollywood eu e a Russa começamos a dançar. O motorista do rickshaw rachando de rir e a gente tocando a buzina kkkk. Aqui eles buzinam o tempo todo. Como ninguém usa retrovisor esse é o jeito de avisar: “Ow to aqui ta?” Dai como o cara não sabia o endereço para pra perguntar toda hora. Uma vez desceu do rickshaw numa rua que descia. E quem disse que o freio do trem funciona. Ai saio eu doida do rickshaw e pulo no banco da frente pra pisar no freio. Dai vem o motorista gritando achando que a gente ia fugir hehe. Eta cara de marginal. Mais uns 2 possíveis acidentes e chegamos em casa vivas. UFA, mais um dia na Incredible Índia.

3 comentários:

  1. Are baba!
    Vibrações positivas e muito sucesso pra vc aí!
    Manda notícias sempre!
    Namastê! rsrs
    Beijão!

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  2. Amada, amei seu blog. Conta tudo aqui para que eu não morra de saudade, ta???
    BIOTCH POWER!!

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  3. Letícia, estou lendo seus textos, seus casos e fiquei fascinada. Aliás, vc é fera mesmo em tudo que faz. Felicidades aí. Depois leio mais. Vou degustar, mentalmente, a sua caminhada para prosseguir junto com vc. Obrigada por ter me encontrado neste espaço.
    Bjs da Dida.

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